Em defesa da abstenção

O orçamento do PS é o orçamento que o Bloco apresentaria, se tivesse a maioria do executivo? Não, não é.

O orçamento do PS contempla a totalidade, ou sequer uma parte significativa, das opções e propostas que o Bloco apresentou? Não, não contempla.

O orçamento do PS merece então o apoio do Bloco e será merecedor do apoio maioritário da população? Não, não merece.

É preciso encontrar a forma e os argumentos ajustados para explicar o sentido do voto, e se isto é verdade em qualquer circunstância, no caso da abstenção talvez ainda o seja com mais exigência, porque o caminho fácil seria sempre, e simplesmente, a rejeição deste orçamento.

A abstenção do Bloco não significará demissão das suas propostas e responsabilidades para com o seu eleitorado, nem significará uma viabilização do orçamento do PS, que não precisa dela, já que possui a maioria no executivo.

Deve o Bloco dar a mão ao PS e fazer-lhe o favor político de votar contra? E deve o Bloco sequer aceitar a ideia de que se sente confortável com a satisfação de algumas das suas propostas, e por essa razão, sentir-se empurrado pelo PS para votar abstenção?

A abstenção, no momento atual, resultará antes de uma amadurecida reflexão, e da vontade e compromisso, que o Bloco deve ter para com os seus apoiantes e a população em geral do concelho, em ser uma oposição responsável, e em continuar a lutar por uma cada vez maior representação eleitoral, sem cedências à demagogia e à inoperância da governação municipal de maioria PS.