Plano Educativo Municipal

Está a decorrer a discussão pública do Plano Educativo Municipal. O BE apresenta aqui um resumo dos principais aspectos que trata no parecer global que entregará à Câmara Municipal.

 

O PLANO EDUCATIVO MUNICIPAL

Onde estamos e para onde caminhamos

Encontra-se em discussão pública o Plano Estratégico Educativo Municipal Torres Novas <2022, proposto pela autarquia e que pretende definir as prioridades, objetivos e ações em três temas estratégicos:

1. Uma comunidade educativa; 2. Uma cidade educadora e 3. Um território com sucesso sustentável. Da sua análise saltaram-nos à vista alguns pontos que nos suscitaram preocupação:

-O exacerbar do fator excelência na educação com tudo o que isso tem de relativo e competitivo;

-O paradigma quase empresarial proposto; 

-Os nºs preocupantes da demografia para o nosso concelho nos próximos anos;

Este estudo que é da autoria da equipa do prof. David Justino, refere entre outros dados preocupantes com impacto no ensino no concelho de Torres Novas:

Um saldo migratório negativo, um elevado nº de casas vazias, mas fora do mercado de arrendamento, mais de 3000, um RSI muito elevado, ou seja um grande nº de famílias abaixo do limiar da pobreza.

O estudo refere ainda que em 2025 o concelho perca perto de 3500 habitantes e que os estudantes sejam menos 1000 do que são hoje.

Quanto aos alunos por turma o estudo diz-nos que são 19,8, contra 19,1 da média nacional e que 5,3% têm necessidades educativas especiais. 30,38% das mães dos alunos e alunas têm o ensino superior, numero superado apenas pelo concelho do Entroncamento na região do Médio tejo.

O pessoal docente tem uma média de idades de 48,7 anos, o que é considerado muito elevado, a nível nacional a média é de 48,1. Este estudo chama a atenção para a substituição do corpo docente que pode ser muito brusco com consequências negativas na qualidade do ensino, 92,9 são do quadro e 7,14% têm um vinculo precário.

É ainda relatado a percentagem de retenções e desistências dos alunos, 1º ciclo 5,23%, 2º ciclo 13,88%, 3º ciclo 13,03% e secundário 25,81%, sendo que a situação do secundário é muito grave conforme se verifica.

De notar também a já existente alta taxa de vagas, 2400 em 6155 lugares.

Devem também ser objeto de reflexão:

-O desvalorizar do lugar da flexibilidade nas escolas, num ensino que se quer cada vez mais inclusivo e adaptado às características do aluno e da comunidade e não o contrário;

-A análise muito aligeirada de rankings e estatísticas, que tantas vezes não refletem a realidade.

Em resposta a isto pensámos no funcionamento atual das escolas, no rating alunos/turmas/pessoal docente e não docente, na formação dos professores face aos novos paradigmas; nas respostas  sociais e de apoio às famílias (transportes escolares, refeições, prolongamentos de horário, ATL), na intervenção (ou falta dela) junto dos adolescentes e jovens ainda escolarizados ou não e na prevenção de consumos aditivos, no envolvimento da comunidade com as escolas (centro de saúde, forças de segurança, bombeiros, serviços culturais, associações) no estabelecimento de redes educativas e na construção da aprendizagem para lá das salas de aula.

Foi com base nestes aspetos que elaborámos um parecer e propostas sobre o documento apresentado, que acreditamos ser muito redutor e pouco inovador. Será do interesse de todos investirmos numa escola que põe enfase no aluno, nas suas expetativas, interesses e objetivos, tornando-o protagonista do seu percurso, num paradigma comunitário, ecológico e cultural da educação, que aposta em estratégias pedagógicas inovadoras e entusiasmantes e para isso precisamos também de uma cidade favorecedora do crescimento individual e coletivo.

 

BE Torres Novas