Os juros bancários estão como os bancos gostam e querem, dificultando o pagamento das prestações da casa e impedindo a compra de casa por muita gente, em particular dos jovens.
O preço das rendas de casa e dos quartos (sim, porque agora os quartos começaram a ser a casa de muita gente), são proibitivos não só para os salários mais baixos como também para salários médios.
O discurso sobre economia está reduzido à actividade das empresas e ao pagamento de impostos, o factor trabalho não faz parte do discurso político como se os trabalhadores não existissem e não fossem eles a força produtiva. Os salários decrescem de forma assustadora, a sua atualização é sempre inferior à inflação, os salários médios dos trabalhadores não chegam para o mês todo, agrava-se a espiral de exploração do trabalho assumindo novas forças.
Os impostos sobre os rendimentos do trabalho e o pagamento dos serviços essenciais (como o abastecimento de água, por exemplo) estão sem regra e sem moral. A empresa Águas do Ribatejo, responsável pelo abastecimento de água e pelo serviço de saneamento em vários concelhos do distrito onde se inclui o concelho de Torres Novas, decidiu aumentar as tarifas daqueles serviços em 8,4%.
Este valor é não só injusto como muito penalizador das famílias,e é uma decisão que só tem em conta os critérios técnicos e nada mais. Quem tomou a decisão foi a administração da empresa, onde se inclui o presidente da Câmara de Torres Novas, que se esqueceu que a situação em que o povo vive deveria entrar nesta equação, ou seja, as condições de vida das pessoas deveria contar na hora de decidir.
Trata-se de uma decisão política, é para isso que lá estão os presidentes das câmaras municipais. Pedem o voto ao povo (neste caso o PS), mas rapidamente esquecem as suas obrigações.
A empresa Águas do Ribatejo é uma empresa com as contas equilibradas (o que abona a favor da sua administração), que dá lucro e que deveria ter responsabilidade social. A inflação prevista pelo governo para 2023 é de 5,3% e para 2024 de 3,3%, o que demonstra bem a injustiça deste aumento.
Ainda existem algumas coisas que nos surpreendem e que não esperávamos ver acontecer. Ou talvez não….
É uma injustiça tremenda a entrar-nos na carteira pela mão daqueles que tinham a obrigação de pugnar pela justiça social. É bom que não nos esqueçamos.
Crónica de opinião publicada no "Jornal Torrejano"