Comércio local

Engenheiro, membro da Concelhia BE de Torres Novas, autarca

Negoceiam-se os prazos com fornecedores, usam-se as moratórias e recorre-se ao layoff. Até quando é tudo isto sustentável?

Existe um ciclo vicioso a destruir os pequenos negócios. O lay-off, o desemprego e a crise instalada e vindoura, fazem com que todos pensemos muito bem em como gastamos o nosso dinheiro.

Há coisas em que não podemos cortar mais e acabamos por gastar demasiado no mesmo sítio. Nas grandes superfícies. Essas que têm descontos e isenções fiscais que lhes permite multiplicar ainda mais os seus lucros e, no dia em que esse reduzir, fecham e colocam as pessoas no desemprego.

Para trás, ficam os pequenos negócios, de todo o tipo, de bens ou serviços. Há lojas que nem um cliente chegam a ter por dia. Têm poucas soluções para enfrentar a dimensão desta pandemia. Vão-se desenvolvendo aplicações e soluções paliativas para lhes reduzir o prejuízo mas, tudo isso, não chega para pagar rendas, salários e os stocks quando são precisos.

Negoceiam-se os prazos com fornecedores, usam-se as moratórias e recorre-se ao layoff. Até quando é tudo isto sustentável? Na verdade, nunca chega a ser.

Muitos dos pequenos negócios estão afogados. Não há plano de negócio, capacidade de adaptação ou campanhas de comunicação que vençam a força inexorável desta crise.

Necessitamos olhar e falar com todas e todos. Perceber quais as suas dificuldades, onde podemos colaborar e ajudar para que uma situação tenebrosa seja um pouco menos assustadora e, se possível, uma forma de fortalecer.

É preciso força e vontade de o fazer. Nem consigo imaginar totalmente como devem estar estas e estes comerciantes. Imagino que faltem forças para aguentar mais uma crise. Mas não é o momento de desistir.

No entanto, também falta capacidade dos decisores políticos de tomar as rédeas da iniciativa numa situação de catástrofe económica para tantas famílias. Têm de se reunir e tomar medidas urgentes.

Mas não dá para lavarmos as mãos da culpa. Todos temos de participar neste processo. Há que ir até às ruas, ver com os próprios olhos e tomar a iniciativa de comprar nestes pequenos negócios. Esperemos que se chegue a tempo. Uma boa semana.