A última sessão da Assembleia Municipal (AM) aprovou, por unanimidade, a gratuitidade dos TUT a partir de 2023, por proposta do BE.
Logo no início deste século a Agência Europeia do Ambiente tinha colocado como uma das condições principais em defesa do ambiente que os transportes públicos fossem gratuitos. Houve quem ficasse chocado, classificasse como irrealista, mas o que é facto é que hoje se percebe que ou existem fortes medidas de promoção do transporte público para acelerar a transição do transporte individual para o coletivo ou teremos ainda mais e mais graves problemas ambientais. E o caminho faz-se caminhando e, como sabemos, as mudanças de hábitos levam tempo a consolidar. Torres Novas não deve estar de fora desta mudança.
Esta decisão da Assembleia Municipal tem um significado particular, pode marcar a relação dos cidadãos e cidadãs com o meio ambiente e em particular o combate às alterações climáticas. A médio prazo as deslocações gratuitas no TUT podem retirar muitos carros das estradas, assim se trabalhe no sentido de uma maior abrangência do território e mais autocarros na rua, de preferência elétricos.
A composição da atual Assembleia Municipal é muito mais representativa do povo que o executivo municipal, pois inclui representação do BE, da CDU, do CDS, e os presidentes de junta de freguesia, que não estão representados no executivo municipal. Esta realidade somada ao voto do partido no poder, o PS, confere à decisão uma importância que não pode ser ignorada por ninguém.
Cabe agora à Câmara Municipal preparar o dossiê para o incluir no orçamento municipal de 2023 conforme decisão da AM. Não passa pela cabeça de ninguém que esta decisão não seja respeitada, mesmo que ela não obrigue a CM, como alguém logo lembrou com um calculismo inadmissível.
Estou em crer que a Assembleia Municipal de Torres Novas será respeitada e com isso a sua função dignificada.
Alguma vez a democracia ficará a ganhar.
António Gomes
Crónica publicada no "Jornal Torrejano"