A Cidadania fez-se ao caminho, recolheu mais de 900 assinaturas, entregou-as na Assembleia Municipal e colocou-a a refletir sobre o assunto.
Os peticionários e a Assembleia Municipal de Torres Novas tomaram posição e decidiram sobre o futuro do território que envolve a nascente do rio Almonda e sobre a pertença da água que ali brota.
Certamente há vários milhões de anos que ali nasce aquele curso de água e sempre correu livre até ao inicio da década de 40 do século passado, altura em que foi construída aquela parede que o aprisionou logo à nascença, construção feita à revelia da lei segundo um parecer da Procuradoria Geral da Republica.
O poder económico sobrepunha-se assim ao poder politico, ou seja os interesses de uma única entidade – Renova - passavam por cima do interesse público e de todos os outros interesses privados que viviam da água da nascente, vários moinhos, vários lagares e agricultores ali instalados há muitas décadas.
Não se conhece situação idêntica em todo o País, veja-se aqui bem perto o uso que é dado às nascentes dos rios Nabão e Alviela. Praias fluviais.
Pode a Renova continuar a desviar parte significativa da água para a sua laboração? Pode, embora a devesse pagar como pagam outras empresas as suas matérias primas.
A Assembleia Municipal tomou uma decisão muito importante, diria até histórica, devolver ao povo o acesso seguro e com qualidade à nascente, limpeza de todo aquele espaço onde se encontram várias ruinas de edificações de moinhos e lagares e encarregou a Câmara Municipal de elaborar um plano de pormenor com vista à reabilitação urbanística e paisagística do local de Moinho da Fonte, assim como a libertação do leito do rio no troço coberto pela fábrica.
É uma decisão que compromete a Assembleia Municipal, compromete todos os partidos ali representados e compromete a Câmara Municipal, é assim a democracia.
Os rios são do povo, da nascente à foz, as suas águas e os seus leitos são públicos.
Crónica de opinião publicada no "Jornal Torrejano"