Nem os mínimos, … sobre educação

Autarca. Coordenadora Concelhia do Bloco de Esquerda de Torres Novas.

Temos de ter escolas e equipamentos escolares de topo, pessoal docente e não docente bem preparado e motivado, devemos querer estar ao nível dos melhores, só dessa forma podemos estancar o declínio populacional

A Assembleia Municipal aprovou recentemente um importantes documento para o presente e futuro do concelho de Torres Novas e da sua população. Trata-se da revisão da Carta Educativa Concelhia.

A discussão sobre a Carta Educativa dava um debate para uma Assembleia Municipal temática, os representantes do povo têm o direito e o dever de conhecerem e de debaterem a situação da educação no concelho de forma aprofundada.

O documento apresentado, feito por uma entidade externa ao município, traça um diagnóstico preocupante. O que por si só é motivo ou deveria ser para reflexão dos responsáveis políticos. Infelizmente o PS, partido maioritário e que sustenta o executivo, nem sequer abriu a boca na Assembleia Municipal, limitaram-se a levantar o braço, não se conhece a opinião ou o pensamento do vereador responsável por este setor, o mesmo aconteceu com a força politica MPNT.

Como exemplo, para que se perceba o que está em causa, as projeções demográficas indicam que num cenário otimista em 2030, daqui a 6 anos, a população dos 10 aos 14 anos será inferior em 12% e a população dos 15 aos 19 anos será inferior em 17%. Isto diz muito sobre o que temos andado a fazer ou o que projetamos fazer a curto e médio prazo. Como sabemos não é um problema só de Torres Novas, mas é também de Torres Novas e já agora do Médio Tejo. Para avaliarmos a dimensão do problema chega-se a colocar a hipótese de encerramento ou de revisão das valências da escola de Lamarosa, que tem 52 alunos no total entre pré escola e 1º ciclo, 52 alunos, 36% de ocupação e sempre a decair.

Uma escola nova onde os investimentos têm sido avultados, apela-se à reflecção sobre esta questão.

Segundo o documento apresentado, os edifícios escolares, na sua maioria são quase novos, mas os equipamentos ou não respondem às exigências dos atuais desafios, ou são insuficientes. Na maioria dos casos não existe ar condicionado, campos de jogos, recreios cobertos… o mobiliário e o equipamento didático tem boa conservação e boa parte é considerado aceitável, mas persistem vários casos em que é desadequado ou insuficiente.

Face ao que nos é apresentado temos que concluir que não basta ter boas escolas, ou escolas aceitáveis, é preciso muito mais exigência. Temos de ter escolas e equipamentos escolares de topo, pessoal docente e não docente bem preparado e motivado, devemos querer estar ao nível dos melhores, só dessa forma podemos estancar o declínio populacional.

Os orçamentos do município têm de responder a este desafio, as politicas de atração de imigrantes têm de ser pró-ativas, as politicas públicas para a criação de emprego têm de mudar, apostando de uma vez por todas no emprego de qualidade. Os municípios do Médio Tejo têm a obrigação de encontrar resposta para este problema que temos em mão. O BE tem vindo a apresentar ideias neste sentido, destaco aquela que vai no sentido dos municípios em conjunto encontrarem a vontade politica e, já agora, um espaço que tenha capacidade de atração de empresas que acrescentem valor, que criem mais valias, que criem emprego de qualidade, ao contrário do que temos tido - armazéns da distribuição  e estabelecimentos de fast-food a que correspondem salários muito baixos e precariedade.  Encontrar este caminho devia ser a prioridade.

O que nos é apresentado indica-nos que são precisos 34 milhões de euros para investimentos na educação em Torres Novas, não podemos perder tempo.

Quando não cumprimos os mínimos, não estamos preparados para atingir os objetivos e lá se vai o slogan da “rede escolar de excelência” com que o PS nos costuma brindar.

Crónica de opinião publicada no ' Jornal Torrejano'