O campo das piscinas

Autarca. Coordenadora Concelhia do Bloco de Esquerda de Torres Novas.

CM aprovou uma alteração a um loteamento que consistiu em incluir a construção de 20 piscinas, uma em cada lote (...) Será isto razoável?

Entendamo-nos: o acesso à fruição de piscinas por puro recreio, manutenção física ou prática desportiva deveria ser de acesso fácil. Infelizmente, em Torres Novas, a generalidade da população, na época do calor, no verão, não tem onde refrescar-se, não temos piscinas de verão e as que já tivemos são recordadas com muita saudade.

Não me causa qualquer urticária a construção de uma piscina junto a uma habitação isolada. Quem puder construir que o faça. Acrescento apenas que o preço da água a utilizar não deve ser o mesmo daquela que se destina às necessidades básicas do ser humano, deve ser muito mais cara.

Há dias, a maioria da CM aprovou uma alteração a um loteamento que consistiu em incluir a construção de 20 piscinas, uma em cada lote, ou seja, podemos vir a ter aqui bem perto de nós vinte piscinas para vinte vizinhos.

Será isto razoável? Neste caso, julgo que não. O que seria razoável era o loteamento prever uma piscina colectiva para os potenciais vinte moradores, todos vizinhos. Há pelo menos um exemplo em Torres Novas, que me parece positivo, a urbanização Beira Rio. Umas largas dezenas de vizinhos usufruem de uma piscina.
Pode-se argumentar: desde que paguem, ninguém tem nada com isso. Será assim?

A água é um recurso que a todos pertence. A água não é, não pode ser, só de quem a pode pagar. É um recurso natural e finito, não é algo que sai de uma qualquer fábrica, pertence a todos e devemo-la utilizar com moderação, independentemente da capacidade económica do utilizador.

A quantidade de água doce está a diminuir drasticamente por força das alterações climáticas, as secas estão aí para o provar: ou começamos já a prevenir-nos ou a coisa pode correr mal.
Cabe às autarquias optarem por políticas de defesa do meio ambiente, e de ordenamento do território, cabe-lhes pensar a médio e longo prazo, a natureza agradece.

Opinião publicada no Jornal Torrejano