Sobre o centro histórico de Torres Novas já escrevi várias vezes, outros também o fizeram pelo que está quase tudo dito quanto ao diagnóstico: as ruínas, o abandono, a ausência de gente para ali viver, o comércio a definhar.
Mas agora escrevo sobre o seu futuro, porque estamos a assinalar o 25 de Abril e a esperança de desenvolvimento, de melhor qualidade de vida e de liberdade deve marcar este tempo.
O que mais me preocupa e até me aborrece é a ausência total de um qualquer fiozinho de estratégia que contrarie o rumo dos acontecimentos.
Recentemente foi a reunião de câmara uma proposta para apoiar quem queira instalar um negócio ou um serviço nas zonas abrangidas pelas ARU do centro histórico e rio Almonda. Destinava-se a apoiar no pagamento da renda em 50% durante um ano, até um máximo de 200 euros/mês. Simples e barato. A proposta foi chumbada. Resolvia tudo? Não, mas ajudava.
Estou convicto que para atrair gente nova e para rejuvenescer o comércio é preciso este tipo de apoio, doutra forma vamos assistindo à abertura de algumas lojas para, uns meses depois, as vermos encerrar… A abertura de novas lojas ou serviços ajudará as mais antigas, atrai pessoas e mais pessoas é mais movimento e vida. A isto chama-se pensar no futuro e trabalhar para ele. É o contrário da inércia, de esperar para ver o que acontece.
Assim como continuo convicto da necessidade de, em simultâneo, construir/reconstruir habitações. Sem casas seguras e com qualidade também não há gente. As duas casas compradas e recuperadas pela Câmara são um bom exemplo mas não pode ficar por aqui. O PS foi assim como que forçado a comprar e recuperar estas casas (2019) mas não deu continuidade. São sucessivas as propostas apresentadas na Câmara e sucessivos os chumbos. Precisamos de uma estratégia mas, neste final de mandato, já seria bom se o PS mostrasse um fiozinho do que pretende para o futuro do centro histórico da cidade.
O 25 de Abril é também isto, pensar o futuro, garantir que o centro histórico da cidade não desaparecerá definitivamente. O tempo escasseia. Não chega termos um bonito parque à beira rio, porque se não tivermos gente...
Um fiozinho de estratégia, por favor!
Crónica publicada no "Jornal Torrejano"