Todos os anos por esta altura, sou confrontado com os episódios que se repetem quase mecanicamente nas grandes superfícies comerciais - estou a falar daquele dueto entre cliente e o caixa – “bom dia”, “boa tarde” ou “boa noite”, “quer um saco?”, “tem cartão cliente e factura com número de contribuinte, deseja?”
Dias, semanas seguidas, ali estão elas ou eles sempre disponíveis e na esmagadora maioria bem-humorados. É ali que a simpatia se eleva, se transforma em algo mais significativo, em empatia. Aquelas mulheres e aqueles homens, ou melhor, aquelas raparigas e aqueles rapazes, porque é disso que estamos a falar, carimbam-nos o passaporte para as festas que se aproximam. Boas festas e bom natal é o que desejam a todos e todas e os clientes sucedem-se uns aos outros.
Passa por ali o que toda a gente julga serem os melhores ingredientes para as refeições da época, passa por ali o que todos julgamos serem as melhores prendas para a família ou amigos e naquela fronteira todos levamos o passaporte carimbado. Boas festas!
Sabemos quanta precariedade nos contratos de trabalho por ali anda, sabemos daqueles salários baixos, por vezes muito baixos, e também sabemos quanto desrespeito pelos elementares direitos de quem ali trabalha.
O encontro entre o cliente e os caixas de supermercado, assim conhecidos, é o primeiro episódio para a época festiva de final de ano, a azáfama das compras que termina ali mesmo, num boas festas, deve de ser retribuído ao mesmo nível: boas festas para todos estes trabalhadores.
Boas festas para os/as leitores do Jornal Torrejano.
Opinião publicada no Jornal Torrejano