Pimba, mesmo em cheio

Autarca. Coordenadora Concelhia do Bloco de Esquerda de Torres Novas.

O Bairro Digital, um conjunto de iniciativas e de infraestruturas de que vamos sabendo à medida que as vamos vendo instaladas, quem quiser saber mais, que adivinhe.

Pontaria não lhes falta, assim mesmo, quatro mupis para publicidade, quatro locais especialmente escolhidos a dedo.

O primeiro na Praça 5 de Outubro, precisamente enquadrado com o painel de azulejos de Jorge Colaço e com as torres do Castelo, nem mais nem menos que os principais monumentos históricos da cidade, arranca-se a calçada, abrem-se as valas e instala-se o suporte do painel.

Felizmente, alguém se apercebeu do atentado em curso e protestou e fez-se ouvir a voz da cidadania, nas redes sociais, na comunicação social, junto dos responsáveis autárquicos, foi por pouco mas valeu a pena a reação do povo. Faltou ao presidente da Câmara tomar a iniciativa, reconhecer o erro e pedir desculpas públicas como lhe competia, na reunião do executivo a seguir ao acontecido.

O local escolhido em alternativa é o exemplo acabado de que o pensamento reinante considera o Centro Histórico como outro lugar qualquer, o espaço escolhido foi o mesmo, a Praça, não o tabuleiro, mas o passeio lateral, mesmo em frente a um banco para descanso.

Outro local escolhido, foi o acesso ao Largo do Paço, mesmo aquele que é o último espaço ainda livre, depois de há uns anos ter sido ocupado com os contentores de resíduos.

O espaço frente à loja do “Quebra Mar” na travessa do Correio Velho também não escapou à voragem pela ocupação dos espaços que são, por direito próprio, das pessoas e devem proporcionar uma circulação que não tenha necessidade de desvios permanentes evitando os vários obstáculos.

Por fim, a cereja no topo do bolo, a meio da rua Alexandre Herculano, num espaço privilegiado para a conversa, para o usufruto de munícipes, para descanso, sim ali mesmo entre os dois bancos que lá se encontram, grande imaginação.

O Bairro Digital, um conjunto de iniciativas e de infraestruturas de que vamos sabendo à medida que as vamos vendo instaladas, quem quiser saber mais, que adivinhe. São 700 000 euros, uma camioneta de dinheiro sem dúvida, muitas mais coisas ainda vêm a caminho, só pode, são 700 000(!).

Será que nestes 700 000 está incluído algum WC, que tanta falta faz naquela zona? Será que está incluído algum apoio às rendas aos novos comerciantes que se instalem na zona centro, como o Bloco de Esquerda tem vindo a reclamar, justiça lhe seja feita? Será que estão incluídos alguns espaços para bolsas de estacionamento? Ou talvez uma limpeza geral e adequada a uma cidade com tanta história?

A pontaria não faltou e dinheiro também não, faltam respeito pela história, pelas pessoas, falta sensibilidade e politicas públicas que devolvam a vida ao centro histórico de Torres Novas.

António Gomes

Crónica de opinião publicada no "Jornal Torrejano"