Pontos a reter sobre as Legislativas de 10 de Março de 2024

O Bloco é o partido de, e para todos os que sentem as dificuldades do dia a dia e que pretendam uma vida melhor, mais justa e tranquila. E é isso que nos diferencia.

Como o caro leitor saberá, neste último domingo ocorreu o ato eleitoral para eleger o próximo Governo. Tendo sido culpa de Marcelo Rebelo de Sousa ao ter destituído o Governo anterior ou não, como já andam a afirmar, não é esse o tema que me traz aqui. Neste texto irei abordar vários tópicos que teremos que aceitar, nomeadamente a Esquerda, e o que o futuro nos poderá reservar.

O primeiro ponto a salientar, e não vale a pena dizer o contrário, é que a Direita ganhou. Ganhou! Não há volta a dar: se dividirmos os partidos em 2 sectores, Esquerda e Direita, o da Direita fica com mais de 50% da votação. A Esquerda falhou o objetivo de conseguir uma maioria parlamentar e tem que assumir isso mesmo.

O próximo ponto, igualmente visível para quem acompanhou a noite eleitoral minimamente, é que quem mais cresceu foi o Chega. Recordo-me de há uns meses referir que se a campanha fosse muito centrada no que o PS fez e no Chega as coisas poderiam correr mal, e foi mesmo isso que acabou por acontecer. Não é que eu seja bruxo, apenas é uma questão de lógica. Ao focar constantemente nos erros do PS, naquelas trapalhadas todas da TAP, do SEF, da crise no SNS, e também no perigo do Chega, esquecemo-nos de focar no mais importante: as nossas propostas. O que as pessoas precisam são soluções...os problemas já elas conhecem! O povo está cansado, diria mesmo exausto, da forma que o país tem sido governado. Os preços aumentam quando os salários não esticam, os serviços estatais pioram quando pagamos tantos impostos ao Estado. E depois os debates também não ajudaram muito, pois o tempo foi curto e debateram-se poucas propostas. A verdade é que tudo isto levou ao aumento da revolta da população para com os partidos em geral, o que alimentou o tipo de discurso de ódio e resignação que o Chega promove. De algum modo a Esquerda tem culpa no cartório, pois de alguma forma não conseguimos mostrar às pessoas que éramos a alternativa para elas; e assim sendo torna-se legítimo que as mesmas votem no partido que sentiram ser uma alternativa, mesmo que extremada.

Mas nem tudo correu mal à Esquerda, particularmente para o Bloco. Quem perdeu mais foi o Partido Socialista: perderam uma larga maioria parlamentar para ficar ligeiramente atrás da Aliança Democrática, e o Partido Comunista perdeu dois deputados para ter agora quatro. Por outro lado, o Livre até subiu! Passou de apenas um deputado para quatro, obtendo um grupo parlamentar, enquanto o Bloco de Esquerda estranhamente ficou com a mesma exata percentagem de há dois anos (4,46%), manteve os cinco deputados na Assembleia da República e obteve mais de 30.000 votantes que em 2022. Isto foi fruto de muito trabalho e de nos centrarmos nos problemas das pessoas: habitação, saúde, educação. E por isto, creio que temos, que devemos ficar minimamente satisfeitos.

E agora?

Agora é continuarmos a luta. É focarmos nos problemas das nossas gentes, apoiá-las e fazê-las entender que estamos aqui, ao seu lado, para melhorar as suas vidas. Temos de fazer entender que a xenofobia, o racismo, o machismo e a violência não são a resolução para os problemas do país, mas sim a integração dos imigrantes que vêm, dar-lhes trabalho e condições para que todos (e com isto falo também dos portugueses que merecem esse mesmo apoio) possam ter uma vida digna e usufruir de justiça social.

O Bloco de Esquerda não é apenas um partido para os trabalhadores, ou para a comunidade LGBTQIA+. O Bloco também é aquele pequeno comerciante que se vê grego para pagar as contas, é o professor que percorre 100 kms por dia e quer melhores condições de trabalho, é o médico que está exausto de horas extra nas urgências devido à falta de pessoal, é o padeiro que todos os dias se pergunta se deve aumentar o preço do pão porque o da farinha subiu, é aquele imigrante que vem a procura de uma vida melhor e não sabe o que o espera, e é a mãe que está só e não tem a quem recorrer para criar um filho. O Bloco é o partido de, e para todos os que sentem as dificuldades do dia a dia e que pretendam uma vida melhor, mais justa e tranquila. E é isso que nos diferencia.

Agora… Agora esperemos que os dias não escureçam muito, e que consigamos continuar a transmitir a Esperança para as pessoas. Estaremos aqui para travar batalha a batalha, pela dignidade da pessoa, e deste nosso Portugal. Porque pela habitação, saúde, educação e vidas dignas, não lhes daremos descanso. Viva o Bloco!

 

Pedro Gouveia