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Há 60 anos, Portugal e Torres Novas perdiam uma das pessoas mais reconhecidas na luta pela democracia: o General Humberto Delgado. Chamado de "General sem Medo", Delgado transformou-se num ícone de bravura e resiliência contra a ditadura de Salazar. A sua morte, a 13 de fevereiro de 1965, deixou uma marca indestrutível na história do nosso país e permanece um assunto de reflexão e tributo.
Humberto Delgado nasceu em 1906 e teve uma carreira militar notável, até se tornar um dos principais adversários do regime salazarista. A sua candidatura à Presidência da República em 1958 foi um divisor de águas na história política de Portugal, contestou abertamente o regime e motivou milhões de portugueses a acreditarem na viabilidade de transformação. A expressão "Obviamente demito-o", dita durante a campanha eleitoral, transformou-se em palavra de ordem que ainda hoje mantem atualidade.
Entretanto, a sua batalha pela democracia chegou a um fim trágico. Depois das eleições fraudulentas onde “perderia”, em 1965, Delgado foi morto pela PIDE, numa armadilha em Badajoz, Espanha. A sua morte foi um ato de cobardia e brutalidade, ordenado pelos mais altos dirigentes do regime, incluindo Salazar. A meta era calar uma voz perturbadora e remover um emblema de resistência.
A maneira como General sem medo foi morto demonstra a crueldade do regime. Não se tratou de um sequestro mal sucedido, mas sim de um homicídio premeditado. O general foi assassinado em conjunto com a sua secretária, Arajaryr Campos. Os cadáveres foram sepultados clandestinamente, numa tentativa de ocultar o crime.
A morte de Humberto Delgado deixou uma impressão duradoura na história de Portugal. Foi um ato de violência política que tinha como objetivo extinguir a esperança de democracia e liberdade.
Entretanto, o legado dele permanece. Humberto Delgado é reconhecido como um herói nacional, um homem corajoso que desafiou a ditadura e defendeu os princípios da democracia.
Neste dia, 60 anos após seu falecimento, é fundamental recordar e prestar tributo à bravura de Humberto Delgado. A sua batalha não foi inútil. O seu exemplo continua a inspirar-nos a defender os valores da democracia, da liberdade e da justiça. Em períodos de incerteza e obstáculos, o legado de Delgado destaca a relevância de defendermos os nossos princípios e de não abandonarmos a esperança de um amanhã mais promissor.
Morto por ser opositor, morto por querer construir a democracia, morto pela cobardia, morto pelo fascismo, Humberto Delgado vive na memória de todos os portugueses como um símbolo de coragem e resistência.
A sua trajetória é um testemunho vivo da batalha pela liberdade e um alerta de que a democracia é um bem valioso que deve ser protegido a qualquer preço.
Torrejano de nascimento, Humberto Delgado é uma personalidade marcante na história do nosso concelho. O seu legado é homenageado no Centro Humberto Delgado (CHUDE), localizado no Boquilobo, aldeia que o viu nascer, um local que deve ser visitado por todos.
Viva Humberto Delgado, viva a democracia, viva a liberdade!