AM Extraordinária: Medidas para responder à crise sanitária, social e económica (2)

«O fundo de emergência social que o Bloco aqui propõe pode representar o pagamento da eletricidade de um mês ou o pagamento da água, pode representar uma alimentação condigna para muitas famílias.» - intervenção de António Gomes na assembleia municipal extraordinária que chumbou todas as medidas do Bloco para responder à crise. O único partido a apresentar propostas.

Veja o video aqui: https://youtu.be/RCxpwPwkS-o

Embora não saibamos quando terminará esta pandemia, uma coisa é certa, já todos ou quase todos e todas percebemos que esta doença veio para ficar, não é uma chatice que nos calhou por uns meses, é duradoura.

Em Torres Novas encontramo-nos num nível preocupante e os números têm vindo a subir de forma constante, o que nos indica que o vírus esta disseminado na comunidade e a prevenção é o melhor remédio.

Julgamos que a informação que nos chega deve ser objetiva, retratar a situação tal qual ela é e não informações generalistas, só dessa forma podemos desempenhar a nossa função de fiscalização.

As consequências decorrentes deste vírus, sanitárias, sociais e económicas vão acompanhar-nos muito para além da duração da doença.

A dimensão exata das crises não é conhecida, mas sabemos que é séria, que é dura, que é medonha e que pode ser avassaladora, em particular para os mais fracos, para os trabalhadores e trabalhadoras, a começar pelos precários, para os  pequenos proprietários de comercio e serviços que como sabemos desempenham um papel insubstituível nos centros das cidades e em todas as aldeias.

O comercio tradicional trás vida, trás segurança, trás sociabilidade, não existem centros históricos sem comerciantes e prestadores de serviços, tudo se reduziria ao vazio e à solidão se uma parte das lojas do nosso centro histórico fechassem.

Sabemos bem quem se iria rir da situação, por cada loja de bairro que encerra é a conta das grandes superfícies comerciais que engorda e que no nosso caso como sabemos tão bem acarinhadas têm sido, os últimos 94 000 euros para o Intermarché é a prova do que acabo de dizer.

Igualmente seria desastroso se as famílias já vulneráveis e as outras que podem engrossar aquele grupo, fruto do desemprego e da falta de alternativas ficassem sem o apoio que a situação exige, ficassem ao abandono por parte do município. Parar o comboio quando ele já está em movimento como sugere o presidente da câmara não vai dar, é muito difícil parar um comboio rápido como é o caso desta pandemia, ai pode ser tarde.

O fundo de emergência social que o Bloco aqui propõe pode representar o pagamento da eletricidade de um mês ou o pagamento da água, pode representar uma alimentação condigna para muitas famílias.

Bem sabemos  que o poder local tem de representar a última porta aonde se vai bater e nós autarcas não temos o direito de desiludir aqueles e aquelas que representamos, não temos o direito de deixar alguém para trás.

O que tem sido feito é importante mas está na hora de dar o salto que se impõe, apoiar as pessoas e apoiar a economia local. Injetar dinheiro na economia local é salvar uma parte importante da nossa gente, é responder às nossas atribuições como responsáveis políticos. É necessário aprofundar os apoios na área da cultura e da prevenção do vírus covid19.

Os 500 000 euros propostas pelo Bloco de Esquerda representam uma opção politica, outra opção bem diversa é aplicar 500 000 ou 600 000 em 2021 no mobiliário e equipamento para o prédio Alvarenga e Central do Caldeirão.

Que importância ter o melhor mobiliário e equipamento se ao lado temos uma parte das e dos munícipes a passar mal, se ao lado tivermos um centro mais vazio, sem lojas, sem vida? Os 50 000 euros aprovados na CM são uma ajuda, mas são uma ajuda muito pequena face às necessidades.

O próximo orçamento municipal  pode e deve responder à pandemia, às consequências da pandemia, não pode ser um orçamento apenas a pensar nas eleições.

Quando o Bloco propôs um debate e a aprovação de medidas a recomendar à câmara municipal, fê-lo no pressuposto que todos os partidos teriam propostas a fazer, sugestões e caminhos diversos a propor, pelos vistos estávamos enganados, após 9 meses de pandemia alguns ainda não têm nada a propor.

Por ultimo quero valorizar a sensibilidade do presidente da assembleia municipal ao aceitar a convocação  desta assembleia, espaço de excelência para debate dos problemas que mais afetam os e as torrejanas.

António Gomes

2 Dezembro 2020