Discurso Patrícia Alves em nome do BE - 25 Abril 2022
Senhor Presidente da Assembleia Municipal,
Senhor Presidente da Câmara Municipal,
Senhores vereadores e senhora vereadora,
Senhoras e senhores autarcas municipais e de freguesia,
Autoridades presentes
Povo de Torres Novas
O dia 25 de Abril é o mais marcante da história contemporânea de Portugal, foi a partir dele que conquistámos liberdades e direitos, foi com ele que os povos africanos que invadimos no século XV conquistaram a independência.
A Liberdade, a Democracia, a Solidariedade e a Igualdade são partes integrantes de Abril.
Vivemos tempos difíceis, no mundo ocorrem guerras violentíssimas que mancham de sangue as bandeiras e alastram climas de medo, tensão e instabilidade, situações que pensámos nunca mais sentir.
Da nossa vizinha Ucrânia, invadida pelo imperialismo russo, à Palestina, Afeganistão, Myanmar, Yemen, Etiópia e Sudão vivem-se conflitos armados, com fundamentos políticos ou económicos ou religiosos que matam milhares de crianças, que levam cidadãos a ter que lutar e morrer pelas suas bandeiras e que abusam de diversas formas do corpo e da mente das mulheres, perpetuando este odioso crime de guerra.
Em 2022 tem que ser inconcebível conviver com estas realidades.
A Paz tem que ser levada a sério. Reconhecemos o direito dos povos a resistir, a invasão russa da Ucrânia tem que terminar e a comunidade internacional tem que forçar, obrigar a negociações em toda a parte em que existam conflitos.
Receber e apoiar as e os refugiados que fogem das guerras, da perseguição, da fome, é a nossa obrigação, sem olhar ao país de origem, à sua religião ou ao seu género.
Torres Novas acolheu no passado e acolhe no presente refugiados e, esse facto, deve ser motivo de orgulho colectivo.
Sabemos que todas as lutas se intersectam e como tal nenhuma deve ser priorizada e todas devem ser representadas e defendidas.
As lutas feministas, da comunidade LGBTQIA+, da comunidade negra e da comunidade cigana devem ser respeitadas e Torres Novas deve ser um local representativo de liberdade e de segurança para todas elas, pondo de parte valores conservadores e ultrapassados que ainda vemos acontecer e que tanto entristecem quem pertence às comunidades que mencionei.
Devemos festejar o facto de vivermos há mais dias em liberdade que os que vivemos em ditadura e reafirmar que essa realidade permanecerá intocável.
Devemos lembrar-nos do 25 de abril sempre que nos dirigimos às urnas, enquanto levantamos um cravo vermelho com a mão esquerda e com a caneta na outra mão, combatemos as ideias nacionalistas e extremistas que ameaçam a estabilidade política portuguesa e a perseverança da nossa democracia.
Sei que a minha geração não esquece a importância de 74 e das lutas, antes e depois do 25 de Abril, de tantas e tantos que lutaram, foram presos e deram a sua própria vida. É agora tempo de aprendermos e continuar o legado que nos deixaram com orgulho e confiança.
Não poderia deixar de mencionar a crise climática que coloca em causa a qualidade de vida de todas as gerações, principalmente, as mais novas e inclusive, a sobrevivência do planeta tal como o conhecemos.
É crucial manifestarmo-nos contra os abusos capitalistas que poluem os nosso solos, rios e ar e que nos fixam apenas, euros nos olhos.
Devemos fiscalizar e penalizar todas as empresas que ponham em causa a qualidade de vida da nossa sociedade, inclusive com o seu encerramento. O processo da Fabrióleo tem que ser levado até ao fim, repondo a legalidade urbanística e despoluindo a zona.
Torres Novas deve ser um exemplo positivo e não negativo nesta matéria. Cabe aos nossos autarcas garantir que tudo corre dentro das conformidades e não fechar os olhos, nunca, a problemas desta gravidade.
Uma palavra ainda para os trabalhadores e trabalhadoras que, 48 anos após o 25 de Abril, continuam a receber salários e pensões muito baixos e, na actual situação, em que os bens essenciais aumentam todos os dias, da parte do Governo recebem como resposta a recusa em aumentar os salários.
Salários dignos, a começar no salário mínimo nacional é uma urgência que tem que ser assinalada no dia de hoje.
Termino enviando a todos e a todas que partilham este território - o concelho de Torres Novas - que aqui trabalham e que aqui vivem, uma saudação em nome do Bloco de Esquerda com a certeza de que poderão contar connosco na defesa do 25 de Abril.
O dia de hoje deve ser relembrado, celebrado, reafirmado e defendido pois a liberdade é o ar que respiramos.
25 de abril sempre.
Ana Patrícia Alves
Representante do Bloco de Esquerda
Torres Novas, 25 de Abril de 2022