Mais uma vez vamos para eleições, mais uma campanha e mais umas eleições que são fundamentais para a vida dos portugueses, e claro, dos europeus no geral.
As eleições europeias são marcadas pela fraca adesão ao voto e por, no caso português, os resultados serem todos similares com o PS a ganhar (temos de recuar a 2009 para ter ganho o PSD), os Sociais Democratas em segundo, e em terceiro BE, ou PCP. Também são marcadas por se falar pouco de Europa. Mas desta vez, devo dizê-lo, fiquei surpreendido com a mudança nos debates (e ainda bem!).
Logo, caro leitor, creio que este ano deverá ser diferente: em primeiro lugar porque a nível nacional não há grande superioridade do PSD, nem do PS, e a Esquerda está no geral em baixa, com a direita em ascensão.
Em segundo lugar, porque, apesar do PSD estar a governar, Montenegro apostou num jovem que era comentador numa estação televisiva e nada mais fez além disso. Mesmo que seja conhecido, tem como opositora Marta Temido: antiga ministra da saúde em plena pandemia, que muito se dirigiu aos portugueses nesse tempo e todos conhecem o seu trabalho.
Em terceiro lugar porque a extrema-direita já está implantada na Europa, tal vírus, que espalha em direção aos pilares vitais da União Europeia: a Democracia, Igualdade e Solidariedade, cada vez mais esquecidos no Parlamento Europeu.
Portanto estamos numa completa roleta-russa nestas eleições. Se por um lado Marta Temido é conhecida do público, é verdade também que as pessoas estão cansadas de governos PS; e se por um lado Sebastião Bugalho era conhecido como comentador, é verdade que é a única coisa pela qual os portugueses o conhecem.
Se não sabem em quem votar… Porque não no Bloco de Esquerda? Catarina Martins foi coordenadora do Partido por mais de 10 anos, esteve na “geringonça” que, apesar de mal falada pela Direita, estou certo que quem usufrui hoje dos feriados que lhe foram tirados, quem viu parte dos direitos retirados serem devolvidos, e viu um aumento do seu salário, deverá ter apreciado esse tempo.
Intitulada de “Europa por ti”, a campanha do Bloco centra-se em vários pontos necessários para uma melhoria de vida na Europa, que eu passo a resumir:
- Em primeiro, o Clima: há que apostar de vez na transição energética de forma a tentar abrandar as alterações climáticas ao máximo, pois certamente não é normal estarmos com 33 graus em Torres Novas em pleno Maio. Esta transição quer-se efetiva e justa, pois há que ter atenção aos direitos fundamentais das pessoas, e apoiar os países economicamente mais frágeis nessa mesma transição.
- Uma economia para as pessoas: já lá vão uns anos dos tempos da Troika, mas a fação liberal europeia parece crer trazê-los de volta. O Bloco propõe o inverso: mais investimento público para criar melhores condições de vida, para que a habitação passe a ser um direito e não um fardo, e que o financiamento seja efetuado pelas grandes multinacionais, ao mesmo tempo que se terminem com as contas offshores.
- Uma Europa para todos: o Bloco pretende uma Europa mais justa socialmente, acolhedora de quem pretende apenas lutar por uma vida melhor, e não uma política de xenofobia e racismo. Criar canais de entrada na Europa seguros, e receber as pessoas assegurando os seus direitos fundamentais são algumas das propostas.
- Precisamos de Paz: a União Europeia tem obrigação moral de ser promotora de paz e prosperidade nos povos da sua vizinhança. Se por um lado a Ucrânia é situada exatamente no nosso continente, por outro Israel não fica muito longe deste. O término do contrato associativo com Israel é imperativo assim como a aplicação de sanções sérias para que Netanyahu pare o mais rapidamente possível. É fundamental reconhecer o Estado Palestiniano e apoiar ao seu desenvolvimento como país. Apenas uma solução de dois Estados é viável e justa. Tal como no caso da Palestina, é também essencial que haja negociações sérias para o cessar-fogo na Ucrânia que tem igualmente o direito à autodeterminação do seu povo.
Eu, pessoalmente acredito que o Bloco de Esquerda está no caminho certo para uma Europa mais justa e aberta como sempre deveria ter sido. Ao contrário de Sebastião Bugalho, não creio que a visita de Zelenski tenha sido uma festa, e duvido seriamente que este tenha achado o mesmo da sua vinda a Portugal. A Europa está a atravessar tempos difíceis, nas águas pantanosas da guerra e da discriminação. É tempo de irmos buscar os valores europeus que tanto prosperaram até há não muito tempo.
Acredito que o que escrevi sejam razões mais que suficientes para que no dia 9 de junho usemos o nosso voto para eleger quem queremos que nos represente no Parlamento Europeu. Além de que podem estar a apanhar uns banhos de sol em qualquer lado e depois do almoço (ou quando quiser) ir pesquisar onde pode ir votar, pois pode fazê-lo em qualquer freguesia onde esteja. É uma medida muito bem pensada, tendo em conta que muitas famílias poderão querer usufruir de um fim de semana de 3 dias. O Parlamento Europeu decide a tua vida. Vais mesmo deixar que outro decida isso por ti? Eu cá votava!
Pedro Gouveia