Assisti ao evento do Movimento Novas Raízes, em relação ao qual devo enaltecer a sua importância e relevância para o futuro do concelho de Torres Novas. O movimento é composto por vários jovens torrejanos que decidiram realizar uma série de iniciativas ao longo dos últimos anos de forma a tentar promover a participação dos jovens na sociedade, conhecer os seus interesses e apoiá-los. As iniciativas são voluntárias e esta última despertou-me interesse: foi elaborado um questionário a 123 jovens que estudam em Torres Novas, nos seus 11º e 12º anos em que 12 habitam fora do concelho, estando os outros espalhados por todas as freguesias torrejanas. O questionário, designado 'Diagnóstico Jovem', procurou perceber as preocupações dos jovens, os seus interesses, o que acham de melhor no concelho de Torres Novas e o que acham que deveria ser melhorado.
Após uma breve apresentação sobre o projeto, Afonso Borga (membro do Movimento) mostrou e explicou os resultados do Diagnóstico e vale a pena realçar alguns pontos:
- A percentagem dos jovens, seja em Associações ou voluntariado é mínima, não chegando sequer perto dos 10%. Isto, apesar de estar em linha com o país, é preocupante e não deixa de se notar que cada vez mais os jovens são menos participativos na sociedade.
- Cerca de metade dos jovens pratica desporto, foi um ponto positivo e realçado, embora se aponte a necessidade de melhorar as condições para a sua prática.
- As três causas que mais movem os jovens são os Direitos Humanos, a Igualdade de Género ( que estão relacionadas) e o bem-estar animal (no qual se engloba a natureza). É sempre bom saber que os jovens preocupam-se em lutar pela igualdade e bem-estar entre todos e na harmonia que devemos ter para com os animais e a biodiversidade existente.
- As três maiores preocupações dos jovens inquiridos são: a falta de emprego, as alterações climáticas e a habitação. Isto demonstra que, mesmo sendo ainda adolescentes, revelam uma certa maturidade e preocupação com o seu futuro, com questões bastante atuais, que englobam, não apenas Torres Novas, mas o país inteiro, e até a Europa.
- Também foi realçado que pontos positivos e negativos tem Torres Novas:
- Positivamente, Torres Novas tem bastantes espaços verdes para os habitantes desfrutarem; sendo que a segurança que se sente foi outro ponto realçado pelos jovens.
- Em termos do que falta no Concelho, foi referido que, apesar de haver o reconhecimento de uma certa evolução, há ainda trabalho a fazer no que toca a uma maior dinâmica e versatilidade de oferta cultural que abranja mais jovens; assim como uma rede de transportes públicos mais eficientes dentro do concelho e nas ligações a concelhos vizinhos.
No fim da apresentação Isilda Loureiro (Diretora do Agrupamento de Escolas Gil Paes) interveio elogiando a iniciativa e mostrando disponibilidade em continuar a apoiar com o Movimento.
No quarto ponto do programa foi a vez da Mesa Redonda: moderado por Beatriz Chambel, e contando com a presença de António Abreu (Presidente do Choral Phydellius), Mariana Varela (Estudante de Direito), João Carapau (participante no Diagnóstico) e Adriana Graça (Presidente da Banda Filarmónica de Riachos), na qual cada um interveio expondo as suas opiniões e preocupações relativas ao que se passa em Torres Novas, seja a fraca adesão dos jovens às Associações, a educação, passando pelo emprego e falta de habitação, que foram dois temas com relativo destaque nesta sessão.
Por fim houve as intervenções do Presidente da Assembleia Municipal de Torres Novas, José Trincão Marques, assim como do Vice-Presidente da Câmara Municipal Luís Silva, que falaram sobre o atual trabalho camarário, respondendo às intervenções dos elementos da Mesa Redonda e a questões elaboradas pelo público.
No geral foram duas horas (e pouco mais) bastante interessantes, onde foram expostos os problemas dos jovens torrejanos e foi efetuada a “ponte” para as respostas onde a Câmara Municipal (e não só) poderá atuar para ajudar a melhorar e a integrar estes jovens em Torres Novas e atrair mais pessoas para o concelho.
No entanto há que salientar que, mesmo com a presença dos autarcas, as respostas dadas foram pouco concretas. Mais de metade do tempo foi dedicado aos discursos dos mesmos, em que falaram do passado, presente e futuro, que há projetos e coisas planeadas, mas nada em concreto. O que é uma pena, visto ter sido uma oportunidade como poucas dos autarcas conhecerem os problemas que os jovens, da sua cidade, do seu concelho, têm e não veêm resposta.
É imperativo que sejam criadas condições para a criação de emprego e habitação, não só para os adultos de agora, como para os adultos no futuro, sendo que é uma geração mais qualificada, ou corremos o risco de os perder para outras cidades mais promissoras, ou mesmo para outros países.
Pedro Gouveia