1.º de Maio – Dia Internacional dos trabalhadores

Jurista, Aposentado

Em Portugal, o Congresso das Associações Operárias de 1890, decidiu comemorar o 1.º de Maio e reivindicar as 8 horas de jornada diária.

                Mais uma vez e em liberdade, vão os trabalhadores portugueses comemorar o 1.º de Maio, Dia Internacional dos Trabalhadores, em condições algo anómalas devido às restrições provocadas pela pandemia do corona vírus.

                A consagração do 1.º de Maio como Dia Internacional dos Trabalhadores remonta ao ano de 1886, quando a 4.ª Conferência dos Trabalhadores dos Estados Unidos e do Canadá desencadeou a luta pelas 8 horas. Nesse dia, ocorreram mais de cinco mil greves sendo algumas delas vitoriosas. Manifestações deram lugar a feroz repressão, em especial na cidade de Chicago onde muitos dirigentes do movimento foram presos, condenados à morte e enforcados.

                O 1.º de Maio é, portanto, a comemoração de uma grande luta dos trabalhadores com feroz repressão e que foi adoptado em todo o mundo. Em Portugal, o Congresso das Associações Operárias de 1890, decidiu comemorar o 1.º de Maio e reivindicar as 8 horas de jornada diária. Portugal foi dos primeiros países do mundo a comemorar o 1.º de Maio. Mesmo nas duras condições e a repressão fascista, os trabalhadores portugueses sempre fizeram do 1.º de Maio um grande dia de luta pela conquista das liberdades democráticas e melhores condições de vida e de trabalho. A Revolução do 25 de Abril abriu portas e novas perspetivas à luta dos trabalhadores e à sua livre organização nas suas organizações de classe, os sindicatos.

                Em Torres Novas conhecem-se muitas lutas no 1.º de Maio, durante a 1.º República e no período da feroz repressão fascista. Os trabalhadores torrejanos sempre comemoraram o 1.º de Maio em liberdade e, infelizmente, essa tradição foi interrompida há alguns anos por decisão de algumas organizações sindicais o que prejudicou o desenvolvimento das lutas locais dos trabalhadores.

                No atual momento, pese embora algumas restrições de ordem sanitária, e porque datas de grande significado para todos nós não se suspendem, os trabalhadores devem comemorar o 1º de Maio com as naturais restrições sanitárias tal como se fez com o 25 de Abril. E há muitas razões para isso porque temos muitas notícias sobre despedimentos e desrespeito geral dos direitos laborais pelo que é imperioso que os trabalhadores se mantenham vigilantes sobre muitas empresas, denunciando o oportunismo de muitos patrões que aproveitam o atual momento para impor as suas regras nas relações laborais. É preciso defender o Serviço Nacional de Saúde e lutar contra possíveis medidas de austeridade que atingem sempre os mesmos, os trabalhadores e as trabalhadoras.

                Dado o baixo nível de sindicalização, é imperioso que todos e todas se filiem e confiram força às suas organizações sindicais. É necessária a entrada de muitos jovens para os sindicatos e ajudar à renovação da sua organização e eleição de novos elementos. Porque não é no momento em que temos problemas com o patrão que se lembram do sindicato.

José Júlio Gonçalves Antunes

Residente em Brogueira – Torres Novas

Aderente do Bloco de Esquerda