1.º de Maio: A solidariedade é a nossa força

Membro do BE, reformado

Estamos num limiar de paradigma! Que fazer para alterar a relação de forças no mundo do trabalho? Como colocar a força do trabalho e os seus donos (os trabalhadores) no lugar devido?

1 de Maio - dia Internacional do trabalhador

134 anos após o martírio de Chicago continuamos a lutar pelos mesmos direitos - o triplo oito: 8 horas de trabalho, 8 horas de descanso e 8 horas de lazer/estudo! Toda a tecnologia e evolução para continuarmos ainda no mesmo patamar. São muitas décadas de luta, com avanços e recuos que têm caldeado o crescimento das organizações dos trabalhadores, apesar de ainda haver muito caminho pela frente! Em meados do século XIX dois pensadores revolucionários Marx e Engels fizeram uma autêntica revolução transformando o status quo vigente à época. Marx, pobre, casou com mulher rica e Engels, rico casa com uma jovem pobre! Mas isso talvez não venha ao caso, ou talvez sim!! Com a saída do best-seller “O Capital”, tudo muda nas relações de trabalho. O trabalho (força de) passou a ser considerado como uma mercadoria que se compra e vende, como outra qualquer! Até essa altura ninguém ousara colocar a questão com tal clareza. Várias revoltas de trabalhadores nesses tempos eclodem ficando famosa a revolta dos tecelões de seda de Lyon (França), que destruíram o equipamento das fábricas! Outras houve também, precursoras da Comuna de Paris! Hoje continuamos a sentir na pele os desmandos do capital que, como os operários europeus e ocidentais são mais exigentes, as fábricas são deslocalizadas para países onde a organização dos trabalhadores e o seu nível de vida se comparam com o dos trabalhadores europeus do século XIX, com uma componente muito significativa de trabalho infantil. Trabalho infantil esse que nós em Portugal tivemos um surto vergonhoso na década de 1980. Sobretudo na região de Braga e Vale do Ave, com a luta encabeçada pela CNASTI! Era corrente haver trabalho infantil, enquanto os adultos sofriam com o desemprego! Era mau de mais, mas foi verdade ... Síndrome de Sindicalista… o movimento sindical pugna pela defesa dos direitos dos trabalhadores, mas há uns que desdenham dessa luta, mas logo que há benefícios, esses desdenhosos apressam-se, oportunisticamente, a aproveitá-los! Estamos num limiar de paradigma! Que fazer para alterar a relação de forças no mundo do trabalho? Como colocar a força do trabalho e os seus donos (os trabalhadores) no lugar devido? O trabalhador não visa passar para o outro lado da barricada, ele quer ser livre para poder discutir o valor justo do seu trabalho! A legislação laboral deve ser objecto continuado da reivindicação dos trabalhadores para que se detenham os abusos e os desmandos! Nesta hora de covid19 é tempo de reforçar solidariedades! Diz-se por aí que estamos todos no mesmo barco, mas uns, poucos, têm camarotes de luxo, e outros, a maioria, fazem a travessia famintos e ao relento! É tempo de mudar, e Portugal, que conquistou a liberdade a 25 de Abril, tem uma semana exemplar para comemorar, e o primeiro de Maio é a cereja no topo do bolo! Este ano é diferente, quiçá mais introspectivo. Recupero um slogan das décadas de 1970/80 - A SOLIDARIEDADE É A NOSSA FORÇA!