COP 25 - Cimeira do Clima em Madrid

Membro do BE, reformado

Relato de um participante 

COP 25 – Encontro de Madrid

Manifestação e encontros na Universidade Complutense de Madrid

 

Houve muita juventude a participar quer na manifestação quer nos painéis temáticos na Universidade que colocou as instalações ao serviço deste evento alternativo.

Paralelamente, ou propositadamente, havia várias iniciativas de colectivos que aproveitaram este evento para as divulgarem, nomeadamente a luta por uma habitação condigna a nível europeu (serão precisas um milhão de assinaturas para este assunto ser discutido no Parlamento Europeu).

Os temas tratados nos painéis e o ambiente envolvente foi muito positivo e de muita alegria.

Começa a desenhar-se a possibilidade de levar ao Tribunal Penal Internacional os crimes contra o Clima, sendo que para tal há já peritos em Direito interessados a trabalhar para defender a Terra das agressões que é vítima. Esta ideia foi visível e muito acarinhada.

Do Chile esteve uma grande representação, ou não estivesse prevista esta cimeira para esse país. Os povos indígenas latino-americanos deram vigor aos seus pontos de vista e exigiram os seus direitos e a saída dos colonialistas usurpadores. Os chilenos exigiam a renúncia do presidente Pinera que tem sido um adversário muito agressivo contra os seus direitos.

Para além dos chilenos, outros povos indígenas estiveram presentes, nomeadamente, brasileiros, peruanos, argentinos, equatorianos, etc. que mostravam as suas actividades artesanais, além de, nos painéis temáticos explicitarem tudo o que se passa nos seus países e povos, assim como as atrocidades de que têm sido vítimas ao longo dos séculos. Em tom jocoso diziam que vinham «Descobrir a Europa» …

Durante a manifestação foram várias as tarjas e as palavras de ordem que se viram e ouviram, de questões locais, nacionais e internacionais. Salientar as questões dos imigrantes tailandeses que trabalham em Espanha na colheita de morangos e que sofrem todo o tipo de abusos, incluindo sexuais. Algumas tarjas exigiam democracia no Curdistão e no Paquistão. De Espanha vinham manifestantes a exigir respeito para com o clima. Portugal também se mostrou com palavras de ordem e tarjas, relacionadas com o clima «nem mais um grau, nem uma espécie a menos». Curioso que o Bloco de Esquerda tenha tido neste evento 5 deputados – mais de 25% da sua representação parlamentar. Creio que mais nenhuma força política portuguesa tenha tido tal grau de empenhamento, para além de outros, simples militantes e simpatizantes.

O número de participantes na manifestação é sempre controverso, mas que o Paseo del Prado estava repleto, lá isso estava, e com muita juventude e alegria.

Há que agradecer à Universidade Complutense pela sua colaboração e também ao município de Getafe que disponibilizou um pavilhão desportivo e pessoal para que a delegação portuguesa pudesse pernoitar.

A alimentação em todo o evento poderia ter sido um pouco mais cuidada, mas ninguém passou fome, penso.

Em Madrid, que não conhecia, tomei contacto com uma dúzia de pedintes.

Desta visita fica-me pena não ter tido tempo para visitar o Museu do Prado. Ficará para a próxima.

As viagens de ida e volta, embora maçadoras, possibilitaram troca de ideias e amizade.

Não tive a oportunidade de ver a personalidade do ano, mas o que me movia era o clima.