Para além das conclusões a que se possa chegar sobre o que aconteceu ou o que deu origem à mortandade de peixes no rio Almonda no passado dia 6 de agosto, o que se lhe seguiu passou quanto a mim a ter uma importância significativa, embora diferente.
O relatório publicado pela Câmara Municipal sobre o resultado das análises está incompleto. Falta-lhe o relatório da APA, relatório este que parece estar desaparecido, ou fizeram-no desaparecer… por exclusão de partes ou foi o vereador responsável, ou o vereador com a conivência do presidente. Infelizmente há sempre quem esteja disponível para aceitar a meia verdade a meia mentira.
De facto o relatório publicado ignora factos determinantes para o apuramento da verdade, vejamos: nos dias anteriores ao sucedido a quantidade de água no troço do rio em que ocorreu a morte dos peixes era radicalmente menor do que os 7500 m3 que o relatório indica e isso faz toda a diferença, aliás esta diferença é confirmada no próprio relatório publicado pelo município, quando diz que os peixes no dia 5 pelas 22h apresentavam um comportamento estranho, embora não explique que “comportamento” foi este.
Outra questão interessante a reter é o facto de se escrever, afirmando-se que o ocorrido se deveu a uma descarga de matéria orgânica, sem se saber onde, nem por quem. Ao fazer-se esta afirmação, antes de concluídas as investigações, pretende-se influenciar e, acima de tudo, manipular a opinião pública torrejana quanto ao que realmente aconteceu.
Esperemos que quem ainda está a investigar tenha em conta todos os factos.
Mas o mais relevante, o mais extraordinário é o que lá não está, publicam-se os resultados das análises, mas não se publica a análise a esses mesmo resultados. O comum dos mortais, sozinho, dificilmente chegará a conclusões. Pergunta-se com que autoridade foram retiradas ao conhecimento público partes do relatório da APA? Com que legitimidade? Independentemente do seu conteúdo, favorável ou desfavorável à gestão do município, impunha-se lisura no tratamento deste assunto.
Às pessoas que servem a coisa pública em lugares para os quais são eleitos/as, no caso o município exige-se mais, exige-se rigor, transparência, lisura nos processos, humildade, e reconhecimento dos erros quando acontecem. Todos e todas que exercem cargos públicos a isso estão obrigados.
Querer tapar o sol com a peneira não dá, não é aceitável, é preocupante, tanto mais que o vereador em causa é a segunda vez, em muito pouco tempo que deixa por explicar episódios em que se viu envolvido.
Crónica de opinião publicada no `Jornal Torrejano'