O ridículo não mata, mas a subserviência devia envergonhar

A Concelhia do Bloco de Esquerda de Torres Novas vem manifestar a sua profunda discordância com a recente aprovação de um protocolo entre a Câmara Municipal de Torres Novas e a empresa Renova, numa decisão que contou com os votos favoráveis do PS e do PSD. Este protocolo, aprovado de forma ligeira e sem o devido escrutínio, coloca o Município numa posição de subserviência perante os interesses de uma empresa privada.

De acordo com o documento aprovado, o Município compromete-se a utilizar produtos da Renova para ofertas institucionais e hospitalidades, bem como a identificar a empresa como mecenas em iniciativas de promoção do território, concedendo-lhe ainda benefícios fiscais significativos. Este protocolo não apenas ignora o apoio necessário a outros produtores locais que enfrentam dificuldades, como também evidencia uma postura defavoritismo em relação a uma empresa que tem sido alvo de contestáveis práticas ambientais.

É do conhecimento público que a Renova tem mantido a nascente do rio Almonda vedada sob a justificação de "questões de segurança", impedindo o livre acesso à população ao património natural. Para além disso, a construção da estrada que liga as duas fábricas da empresa, financiada com recursos públicos e sem qualquer contrapartida financeira por parte da Renova, é mais um exemplo de como esta empresa beneficia sistematicamente do apoio da Câmara Municipal em detrimento do interesse público.

A posição do presidente, Pedro Ferreira, ao afirmar que é preciso “separar as águas” em relação à Renova, é incompreensível e desrespeitosa para com os munícipes que assistem, dia após dia, à proteção dos interesses desta empresa em detrimento dos bens comuns. Não se trata apenas de uma questão de transparência, trata-se de garantir que os recursos e as iniciativas municipais sejam direcionados para beneficiar a população e não para conceder vantagens fiscais e publicitárias a uma multinacional.

Reiteramos a pergunta que se impõe: Porquê a Renova? Que critérios foram utilizados para definir esta empresa como a escolhida para as ofertas institucionais? Porque não optar por produtos de outros pequenos e médios produtores locais que poderiam beneficiar verdadeiramente do apoio da Câmara?

O Bloco de Esquerda considera que o papel de uma autarquia é promover a economia local de forma justa, transparente e inclusiva. A escolha de um protocolo que favorece uma empresa já amplamente privilegiada é um ato de negligência política que merece ser repudiado. Continuaremos a exigir explicações e a lutar por uma gestão municipal que tenha como prioridade o bem-estar da população e a defesa dos nossos recursos naturais.

Torres Novas merece mais. Torres Novas merece melhor.

Coordenadora Concelhia do Bloco de Esquerda Torres Novas

Torres Novas, 16 de janeiro de 2025