Piscinas de ar livre, construir em leito de cheia?!
Ponto 3 - “Operação de Financiamento – Contratação de um empréstimo até 1,5 milhões de euros - remodelação Piscinas Municipais – Piscina Ar Livre – proposta de abertura de procedimento”.
Intervenção RAV – AM de 20 de Dezembro de 2022
Estamos aqui neste ponto da OT porque a Câmara quer um empréstimo de 1,5 milhões de euros para consumir nas piscinas cobertas e para uma piscina ao ar livre no jardim das Rosas.
Este tema tem muitas pontas soltas e eu acabo por não saber muito bem porque ponta é que lhe deverei pegar, porque de cada vez que começo a puxar uma ponta, sai-me um nó cego!
Por isso, irei tentar descodificar este ponto em duas ou três vertentes diferentes.
Em primeiro lugar, todos temos que perceber desde já, que se aprovarmos este ponto da OT, para abertura de procedimento de um empréstimo até 1,5 milhões de euros, o Município irá esgotar a sua capacidade de endividamento.
A segunda parte do problema é a intenção de construir piscinas ao ar livre acopladas às piscinas cobertas. Sr. Presidente, já o disse nesta Assembleia e repito: construir piscinas cobertas com aquela volumetria naquele local à beira do Rio Almonda foi um disparate. Mas agora, se é preciso promover a sua reparação, então que assim seja! Mas querer agora naquele mesmo local construir uma piscina de Verão é querer abafar um disparate com uma asneira.
As piscinas ao ar livre irão fechar ainda mais o Rio ao usufruto das pessoas; são piscinas que irão ocupar mais 650 m2 a um sistema que já está muito fragilizado, porque o complexo designado por Jardim das Rosas é cada vez menos jardim. E, depois, temos a cereja no tôpo do bolo, que é a construção dessas piscinas em leito de cheia, como é bem visível na foto.
A imagem que está projetada é de 2019 e esta não foi a maior cheia que ocorreu naquele local no século XXI. É neste contexto de leito de Cheia que a Câmara pretende construir piscinas ao ar livre.
Por isso, eu digo: deem espaço ao Rio! Vejam a fotografia e digam-me que é este o contexto do progresso que se deseja para Torres Novas: fazer um tanque de água, ou seja uma piscina que não chega a ser piscina, à beira do Rio numa zona de inundação, num espaço que vai ser “privatizado” pelo Município. E eu passo a explicar.
Da ponte do Razões até ao açude Real, nós temos uma margem do Rio de cerca de 450 m. As piscinas cobertas e as piscinas ao ar livre roubam ao usufruto das pessoas cerca de 200 metros de margem do Rio e, na prática, este projeto do PS irá privatizar cerca de 45% da margem do Rio entre a ponte do Razões e o Açude Real. A Câmara não demonstra qualquer tipo de preocupação ambiental nesta matéria e este é um péssimo exemplo que está a dar à comunidade na defesa do Rio Almonda e das suas margens.
O PS não está a defender os melhores interesses do Concelho de Torres Novas ao apresentar um projeto desta natureza para piscinas ao ar livre.
Como já referi, mesmo considerando que este projeto das piscinas ao ar livre é muito poucochinho, não deixa de representar um importante impacto no Rio Almonda e no jardim das Rosas que se encontra cada vez mais fragilizado em termos de espaço de descanso e de lazer disponível para todos.
O BE não quer uma piscina de verão naquele local. O que BE quer é que a Câmara abra toda aquela margem ao Rio. Há condições para o fazer sem consumir mais de 1 milhão de euros dos nossos impostos.
Sr. Presidente, acabe com tudo o que sejam construções no exterior das piscinas cobertas abra o acesso atrás da Piscina de inverno, abrindo uma passagem para desafogar a margem do Rio de forma a permitir passear ao longo de toda a margem do Jardim das Rosas, desde a ponte do “Razões” até ao Açude Real. Assim, todos poderemos usufruir de um dos meandros mais bonitos do percurso urbano do Rio Almonda. Entretanto, vamos TODOS pensar numa solução que dignifique a cidade e seja de facto um polo de atração nos quentes meses de Verão e que inclusivamente possa ser potenciada nos meses de inverno.
Este tema é paradigmático para se entenderem as diferenças de conceito entre estratégia e tática. As estratégias ajudam a definir as metas a longo prazo e a forma como se pretende alcança-las; já as táticas representam ações individuais para resolver um problema imediato.
Neste caso, a tática do PS pode ser muito boa, mas não será assim que iremos conquistar o desenvolvimento da comunidade torrejana.
Se é necessário resolver os problemas estruturais das piscinas cobertas, então que se resolvam. Mas aproveitar a ocasião para empurrar para cima dos torrejanos um projeto de piscinas de Verão, que não passam de uma grande ilusão e que, ainda por cima, carecem de um empréstimo bancário de montante avultado que irá reduzir a zero a capacidade de endividamento do Município, é algo com que o BE nunca irá compactuar.
Por isso, iremos obviamente, votar contra.