A Assembleia Municipal de Torres Novas aprovou, por maioria, uma moção de solidariedade com a luta que é travada nas escolas por todos os profissionais da Educação, apresentada pelo Bloco de Esquerda
Foi uma tomada de posição importante, é o reconhecimento da justeza desta luta aliás reconhecida pela generalidade da população e em particular por pais e mães cujos filhos frequentam a escola.
A moção não teve votos contra, mas houve um número significativo de autarcas que preferiu abster-se, alguns, certamente, encontraram justificação para a abstenção numa vírgula a mais ou a menos ou numa frase que não preenchia os seus exigentes critérios para o voto favorável.
Outros terão razões mais profundas para hesitarem na aprovação da solidariedade com aqueles/as que há anos exigem dignidade e respeito pela sua carreira. Alguns pensarão que todas as outras profissões também deviam ser respeitadas e não o são, têm razão, o governo não quer mesmo resolver os problemas dos trabalhadores, da generalidade dos trabalhadores, o governo está apostado no apoio aos mesmos de sempre, aos de cima, aos detentores das grandes fortunas que crescem em valor e em número.
Mas este argumento (outras profissões também merecem respeito) não pode ser aceite, o que os professores nos estão a dizer é objetivo, se não nos mexermos ninguém se mexe por nós, a união pode mover montanhas, que a luta que travam não é contra ninguém, antes pelo contrário pode ser um incentivo para que muitos trabalhadores/as doutros sectores também se mexam, nos Tribunais, na Administração Pública, nos transportes, na Saúde, nas empresas.
O que os professores nos estão a dizer é que se a sua luta não sair vitoriosa a Escola Pública em Portugal vai regredir de forma imprevisível, que muito em breve não haverá professores para lecionar nas nossas escolas, que a qualidade do ensino vai piorar, que o futuro das novas gerações é muito incerto.
É por isto que é preciso ouvir e dar ouvidos a todos os trabalhadores das escolas, é por isso que a moção do BE merecia os votos favoráveis de todos os membros da Assembleia Municipal, do PSD do MPNT e dos presidentes de junta que decidiram pelo “nim”.
António Gomes, crónica de opinião publicada no "Jornal Torrejano"