Quarenta e seis – fixe este número: 46

Autarca. Coordenadora Concelhia do Bloco de Esquerda de Torres Novas.

Estes eleitos/as tomam as decisões como se as consequências dos seus atos fossem batatas, como se não tivessem de prestar contas a quem os elegeu.

A Câmara Municipal decidiu um aumento de 46% na tarifa aplicada à recolha e tratamento de resíduos urbanos, no caso dos consumos domésticos (para um consumo de 10m3 de água) e 18% para os consumos não domésticos.

Sem apelo nem agravo, tomem lá este aumento. PS e o MPNT de António Rodrigues votaram favoravelmente e o PSD decidiu abster-se. Nem sequer o princípio da estabilidade tarifária consignado na lei se esforçam por cumprir, tomem lá 46% e aguentem-se.

A grave penalização dos e das munícipes é por demais evidente, mas não se conhece qualquer informação sobre esta decisão ou se quer qualquer justificação política, uma declaração de voto que diga aos eleitores a razão dos sentidos de voto. Portanto para todo o executivo da Câmara um aumento desta envergadura tornou-se um não assunto.

Estes eleitos/as tomam as decisões como se as consequências dos seus atos fossem batatas, como se não tivessem de prestar contas a quem os elegeu.

Como bem sabemos os tarifários nas faturas são sempre de difícil entendimento e neste caso ainda mais, porque uma das taxas, a fixa vai descer e a outra, a variável, vai subir e muito e ainda vai surgir a nova taxa TGR. É confuso, eu sei, mas quando, em breve, receber a fatura da água com os novos valores vai sentir a diferença.

O processo de alteração das tarifas está em cima da mesa há largos meses. Já durante a discussão do orçamento municipal era obrigação do Presidente da Câmara ter informado a Assembleia Municipal, mas preferiu não o fazer. Recentemente esteve em debate e foi aprovado um novo regulamento de resíduos urbanos e também aqui o segredo foi a alma do negócio.

Por força da lei a recolha seletiva de bio resíduos deveria efetivar-se a partir de janeiro de 2024, mas não se vê nada, a aposta tem sido nos compostores, que sendo positiva apenas abrange uma pequena percentagem de munícipes. Urge alterar os procedimentos e já agora alargar a todo o território a recolha porta a porta dos outros resíduos como o papel, vidro e plásticos.

Portanto, caro leitor, 46 foi o número do azar que nos calhou sem que se conheça qualquer justificação para tal.

 

António Gomes

Crónica de opinião publicada no 'Jornal Torrejano'