Recomendação para a realização de análises à água e monitorização do caudal do Rio Almonda
Recomendação para a realização de análises à água e monitorização do
caudal do Rio Almonda
Nunca será de mais referir a importância da água para todas as formas de vida, para a manutenção de ecossistemas, para a agricultura, para a indústria, para a regulação do clima e nos mais variados aspetos da vida lúdica e social das nossas comunidades.
Para a comunidade torrejana, o Rio Almonda e a sua bacia hidrográfica representam a veia unificadora do nosso território e da sua população. Não é difícil perceber a importância desse eixo unificador que ao longo dos seus cerca de 30 kms, desde a nascente a noroeste da cidade até à sua foz no Rio Tejo, alimenta indústrias, agricultura, atividades lúdicas e que, com as suas curvas e contracurvas representa, de facto, a alma urbana da cidade de Torres Novas.
No entanto, ao longo dos anos têm sido frequentes situações de crise de maior ou menor gravidade na qualidade das águas do rio. Estes eventos ocorrem seja por fenómenos de eutrofização, seja por poluição química ou biológica, diretamente no rio ou nos seus afluentes, ou por uma combinação de vários fatores onde se incluem dramáticas reduções do seu caudal nos meses de verão. De facto, nos meses de maior stress hídrico, as águas do Rio Almonda nem sequer conseguem chegar ao Rio Tejo e a sua sobre exploração, representa uma série ameaça a biodiversidade da Reserva da Biosfera do Paul do Boquilobo. Aliás, mesmo na nossa cidade, o espelho de água da avenida marginal e até à zona do mercado, que todos gostamos, não resulta da quantidade de água que corre no rio, mas sim da existência de açudes que a represam. Esses momentos tornam-se, naturalmente, mais visíveis nos meses de reduzida pluviosidade e consequente baixo caudal do Rio e normalmente resultam em diversas dissonâncias e desconfianças dentro da nossa comunidade, sem que os responsáveis políticos consigam transmitir às populações adequados esclarecimentos e confiança para a sua mitigação.
Consideramos assim, que é fundamental conhecer a evolução do caudal do Rio desde a nascente até à sua foz assim como as variações da qualidade das águas. Vivemos tempos de enorme incerteza sobre o futuro da água, não só devido à sua sobre-exploração, mas concomitantemente devido às alterações climáticas e consequentes mudanças dos parâmetros de pluviosidade. Só um reforço do conhecimento poderá contribuir para uma correta avaliação e mitigação das situações que possam contribuir para as drásticas reduções de caudal e degradação da qualidade das águas do Rio Almonda.
É neste contexto, que a Assembleia Municipal recomenda à Câmara Municipal que promova e lidere uma plataforma com as entidades competentes nacionais e organizações cívicas locais e regionais com os seguintes objetivos:
1) Análises à qualidade da água desde a nascente até à sua foz, em pontos críticos previamente determinados.
2) Medições ao caudal do rio desde a nascente até à sua foz em locais previamente determinados.
3) Processamento e análise dessa informação analítica
4) Divulgação à população sobre os resultados do conhecimento adquirido e das medidas de mitigação que porventura possam ser implementadas.
Sugere-se nesta recomendação que o trabalho analítico seja realizado durante os meses de menor pluviosidade e consequente maior stress hídrico que corresponde aproximadamente a 120 dias entre 15 de Maio e 15 de Setembro.
Torres Novas, 30 de setembro de 2024
Os eleitos do Bloco de Esquerda
Roberto Barata
Rui Alves Vieira