Retrospetiva de 2023

Este foi o ano em que decidi juntar-me ao Bloco. Uma decisão bastante ponderada, muito pessoal, e que é consequência do estado em que se encontra, não só o concelho, como o país no seu todo.

Não sei se todos os anos dizemos isto, mas este ano que terminou parece-me que foi bastante rico em termos de casos e novidades da vida a nível local, como também nacional.

Este foi o ano em que decidi juntar-me ao Bloco. Uma decisão bastante ponderada, muito pessoal, e que é consequência do estado em que se encontra, não só o concelho, como o país no seu todo.

Localmente

Começando pelos casos a nível local, começávamos logo bem o ano. Em Janeiro, a Câmara Municipal cedia o antigo edifício da Caixa Geral de Depósitos para uma empresa estranha da área da saúde, que ninguém conhecia de lado nenhum, chamada MKA. A novidade já pode estar enterrada por esta altura, mas ainda não me esqueci.

Ainda íamos em Março e já se largava uma bomba: a Polícia Judiciária indo à Divisão do Urbanismo da Câmara Municipal, detendo três pessoas, sendo duas delas funcionárias da CM, suspeitas por corrupção. O Bloco recomendou uma auditoria completa ao Urbanismo, mas ainda não me recordo da mesma existir.

Também no preciso momento em que escrevo este texto, a gratuitidade do TUT para o Orçamento Municipal do ano vindouro é aclamada por meio mundo em Torres Novas, quando o Bloco já o tem proposto há vários anos. Também foi o Bloco que, em 2022, colocou “as cartas na mesa”, apresentando na Assembleia Municipal uma recomendação que foi aprovada por todos, mas agora que vai entrar em vigor, já é ideia de toda a gente…

Na saúde, reflete-se o estado do resto do país: falta de pessoal, a Urgência Pediátrica fechada ocasionalmente, USFs sem médicos, milhares de pessoas sem médico de família.

A habitação é outro problema gravíssimo: além de inflacionada, a verdade é que a disponível é bastante escassa. Falam de projetos e mais projetos, mas ainda não se vê muita coisa, particularmente no centro histórico.

A Renova é sempre um caso bicudo: queriam que a água fosse deles, mas a APA mostrou-lhes o cartão vermelho. Ainda assim, mesmo que andem a fazer passadiços dentro das suas propriedades, para que futuramente possam passear e ver o rio, incriminam o seu próprio povo, por conviver ao pé deste mesmo, como acontecera na quinta-feira da Ascensão, em Maio. A água é do povo, e este não descansará enquanto não puder usufruir dela livremente.

Mas nem tudo é mau, caro leitor. Já andam a retirar os resíduos tóxicos da ETAR da Fabrióleo, que muito prejudica quem vive nos arredores. Também está a ser efetuada uma reabilitação da margem do rio com caminho pedonal que vai desde a zona do Mercado até à zona do shopping, o que irá valorizar o próprio rio, fazendo com que a população possa caminhar ao lado do mesmo.

Nacional

A nível nacional, foi um rebuliço autêntico. Desde os casos com a TAP, começando com a indemnização de 500 mil euros à Alexandra Reis até à indecisão eterna da construção do novo Aeroporto.

Foi um ano marcado por greves frequentes: seja de profissionais da saúde, passando pelos professores, CP, administração pública, Carris, e por aí fora; sendo a saúde e educação quem sofreu mais. O SNS está a colapsar, onde há falta de investimento e de capacidade negocial; sendo que na educação os professores reivindicam os seus direitos e o Estado assobia para o lado.

Tudo isto, juntando aos problemas da falta de habitação a preços acessíveis, onde há trabalhadores que moram na rua por não terem dinheiro para alugar um quarto, a continuada inflação, causada agora por duas guerras (e bancos gananciosos que faturam milhões) culminaram num processo denominado “Influencer” onde o senhor primeiro-ministro António Costa foi envolvido e terminou com a demissão do mesmo.

E o que vem aí?

O ano que vem é decisivo por vários motivos, primeiramente pelas eleições legislativas: o populismo do Chega parece ganhar cada vez mais adeptos, mesmo que não se conheçam meia dúzia de propostas concretas desse partido; sendo que há dúvidas na capacidade de oposição do próprio Luís Montenegro do PSD. Segundo, pelas eleições europeias: em plenas guerras na Ucrânia e na Faixa de Gaza, e com correntes extremistas a ganharem voz no seio europeu. Terceiro: mais a nível económico, esperando a continuada queda da inflação, para que os valores dos créditos aliviem um pouco as famílias.

Aqui, o Bloco de Esquerda terá que fazer o seu papel de alternativa viável na luta em três frentes principais: a melhoria das condições de vida da população, o investimento no SNS e criar as condições para colocar um ponto final na exorbitância de preços da habitação em Portugal, sem esquecer também a luta dos professores.

Neste momento, o melhor que podemos desejar é Paz, melhoria das condições de vida, e saúde; mas sobretudo Paz, pois a guerra não nos leva a qualquer lado, a não ser para encher os cofres de alguns.

Espero que tenham desfrutado de um excelente réveillon, e que todos tenhamos um grande 2024!

Pedro Gouveia