Sobre os resultados preliminares do Censos 2021
Este concelho não é para jovens!
No passado dia 28 de Julho, foram divulgados os resultados preliminares dos Censos2021, sem surpresa nenhuma constatou-se que a população residente no concelho de Torres Novas, diminui em 7% (2011: 36717 // 2021: 34149), perdendo-se assim 2568 habitantes. Este resultado pode ser explicado por várias razões, entre elas, a diminuição dos nascimentos, uma diminuta receção de imigrantes… Mas um dos fatores que de facto pesa mais no prato da balança é a dificuldade de o município de Torres Novas fixar a sua população jovem no território do concelho.
Perante esta situação, é fundamental tomar medidas para estagnar a fuga dos jovens (que não veem alternativa, a não ser tomar esta decisão), temos que ser capazes de dar condições para habitar e ter uma vida de qualidade em Torres Novas. Para isso acontecer devem existir políticas publicas ao nível local adequadas, adaptadas aos tempos atuais e com poder de mudança do paradigma vigente. Os decisores políticos, tem que saber ouvir e dialogar com a população jovem e não fazer ouvidos moucos, dando a entender se “estão mal mudem-se”. Estamos perante um desafio – reverter a perda de população.
Temos que permitir aos mais jovens fixarem-se condignamente neste território, com uma política de habitação pensada para aqueles que querem ter a primeira casa, para aqueles que querem viver no centro histórico, ou nas aldeias. A habitação é um direito consagrado na constituição (artigo 65º) e não deve ser utilizada como “esmola”, ou como uma forma de fazer lucro pelo município. Primeiro as pessoas, deve ser essa a visão do nosso município. Urge criar condições para aqueles que querem voltar, os que saíram quer por motivos académicos ou laborais, hoje querem ter condições de empregabilidade em Torres Novas, para aplicar os seus conhecimentos e corresponder aos seus interesses. Empregabilidade não pode ser sinonimo de precariedade.
Em concreto no que toca a habitação, o Bloco, propõe estabelecer como prioridade a reabilitação de edifícios, estima-se que no concelho existam 3000 casas ao abandono, que podem e devem ser recuperadas e servir para primeira habitação. O arrendamento deve ser facilitado com valores acessíveis, tirando partido dos fundos comunitários da União Europeia e por último é fundamental atrair novos residentes através de benefícios fiscais, nomeadamente uma redução do IMI.
A economia local, deve ser valorizada, potenciando as particularidades deste espaço geográfico, os seus ativos humanos e investimentos, é essencial novas políticas direcionadas para a economia e o emprego com qualidade para todos e todas, que passa cada vez mais por projetos intermunicipais que tenham dimensão, capazes de criar sinergias e com capacidade de atração, que por sua vez influenciem o poder político ao nível central.
A qualidade de vida em Torres Novas, só será alcançada se tivermos capacidade de nos focarmos num desenvolvimento sustentável em todas as suas dimensões quer economicamente, socialmente e ecologicamente, com um pensamento racional na utilização dos recursos naturais. É imprescindível alternativas à utilização do automóvel, apostando na mobilidade suave, não basta criar infraestruturas físicas, há que mobilizar vontades. Com foco na igualdade, é vital criar condições de mobilidade em todo o concelho, apostando no TUT gratuito com circuitos alargados a todo o território. O rio Almonda é das pessoas, por isso chegou a hora de o valorizar, despoluindo e limpando, este património natural essencial para a nossa comunidade. Não podemos deixar passar impune atos de destruição do meio natural em função de interesses económicos, pondo assim em causa o bem-estar da fauna, flora e das populações.
As famílias devem ser tidas em conta e temos que dar condições para aqueles/as que querem constituir as suas famílias e que os seus filhos/as cresçam no concelho. A educação e o ensino devem ser uma aposta prioritária porque só assim é que podemos formar melhores cidadãos e cidadãs do amanhã, deve-se pensar na rede escolar integrada e de igual forma, desde a creche, do ensino pré-escolar até ao ensino universitário, neste caso através de bolsas de estudo a atribuir pelo Município (100 mil euros anuais) para que ninguém fique para trás, havendo um acompanhamento e criação de condições para estudar em Torres Novas com qualidade.
Chegou a hora, de reverter esta debandada da população, para que em 2031, data dos próximos censos, não sejamos ainda menos jovens a habitar no concelho de Torres Novas, temos que ser também: “um concelho para os jovens”. O Bloco de Esquerda, assume esta prioridade, na sua candidatura nestas próximas autárquicas.
Torres Novas 02.08.2021
Bloco de Esquerda Torres Novas