Mais um ano se passou e vimos a bandeira LGBTQIAP+ hasteada nos Paços do Concelho. Esta iniciativa é louvável, porém, ao contrário do ano passado, não houve qualquer divulgação. A sua visibilidade ficou restrita aos Paços do Concelho, apenas visível para quem passou por lá ou por acaso a viu nas histórias do Facebook na página do Município durante 24 horas.
É preocupante esta falta de divulgação. Ao contrário de outros municípios, em Torres Novas, os membros do Executivo ainda não foi desta vez que arranjaram tempo para estarem presentes no momento de hastear a bandeira.
Parece que ainda temos receio de afirmar o nosso apoio e de mostrar que somos um concelho seguro para aqueles que enfrentam diariamente o medo, especialmente diante dos discursos da extrema-direita. Precisamos nos posicionar da maneira mais aberta e acolhedora para esta comunidade, que continua a enfrentar hostilidades violentas.
No ano de 2022, critiquei a Câmara por não hastear a bandeira, apenas condenando todas as formas de intolerância. No entanto este ano, semelhante ao ano passado, a bandeira está lá no mastro, onde permanecerá até o final do dia, sendo depois guardada num armário, até o próximo ano. Isto faz-nos refletir sobre a efetividade desse gesto simbólico. A luta não se resume a um mês, muito menos a um único dia; é contínua e desafiadora, especialmente nos tempos que vivemos. Não podemos permitir que o discurso de ódio domine o espaço público. Não podemos tolerar mais violência, assassinatos, humilhações e abandono em praça pública, apenas por causa da orientação sexual.
As marchas do Orgulho representam momentos de celebração e resistência. Por isso, é crucial a participação de todas as pessoas. No nosso distrito, teremos a marcha na cidade de Santarém no dia 21 de setembro. É uma oportunidade para demonstrar solidariedade e apoio à comunidade LGBTQIAP+.
Diogo Gomes