O episódio da exclusão da e do vereador da oposição da recepção ao Coro da ARPE que cantou as Janeiras nos Paços do Concelho podia não ter importância nenhuma…, pois podia.
Mas tem e muita! E é uma atitude, uma prática que deve ser condenada.
Não por servir para promover o PS e os seus vereadores e vereadora, que devem ter gostado muito de se ver na foto ladeando o presidente nos lugares que ocupam nas reuniões da câmara. Seria fraca a promoção e mal escolhido o local e a ocasião.
Não por ser uma falta de cortesia, uma ausência de espírito democrático, mesmo ausência de ética republicana.
Sim, será um pouco de tudo isto mas, sobretudo, trata-se de um profundo desrespeito pela democracia e pelo poder local. A Câmara tem 7 vereadores, todos eleitos e é um órgão colegial, só na sua totalidade representa todos os e as munícipes. O presidente até pode no seu íntimo preferir uma câmara de um só partido, mono-color, mas está obrigado a respeitar a pluralidade deste órgão. E isso tem que ser feito nas pequenas e nas grandes coisas – na representação formal do Município, no acesso à informação na transparência dos procedimentos.
Foi só uma visita para cantar as janeiras, um lapso. Não, não foi. Não é a primeira vez e acontece noutras matérias – diversos convites que não conhecemos (as entidades que convidam até podem pensar que não ligamos), falta de informação sobre diversos assuntos que a oposição só vem a conhecer pela comunicação social, sucessivos pedidos de informação que não são respondidos, etc., etc.
Porque será que o PS e Presidente têm medo de ter a oposição por perto? Ninguém lhe tira o lugar. A ultra-confortável maioria absoluta de que dispõe devia significar maior abertura para o debate, maior envolvimento das outras forças políticas e das forças da cidadania. Quando há confiança no que se defende, no projecto que se tem, abrimos as portas, alargamos a participação e até a decisão. Eu faria assim. Mas o PS local faz o contrário e até impede que as reuniões de Câmara sejam transmitidas na net.
Nos tempos que vivemos, em que vamos percebendo que é mesmo preciso defender a democracia todos os dias, não aceitar estas atitudes nem a sua normalização é obrigatório. Cá estaremos para isso mesmo e mais uma série de coisas.
Bom Ano
Nota: Para o Coro da ARPE fica a minha amizade, admiração por tudo o que fazem e o incentivo para que continuem.