Grande Revolta da Educação

Professora, pintora, autarca do BE na Câmara Municipal de Torres Novas

(...)somos sobreviventes num País continuamente delapidado por políticas de baixa fasquia cultural, impulsionadora de desigualdades sociais e rica em desvarios financeiros onde se safa quem está ao lado do poder, tornando frágil a integridade, quando o verdadeiro poder é ser-se integro e inteiro(...)

Primeiro dividiram os professores (PS).

Depois aplicaram uma cultura de avaliação profissional mesquinha e insana (PS).

Investiram milionariamente nos parques escolares e encheram os discursos de "sucesso" e de "excelência".

A seguir, por "desbaratarem" fundos e colocarem o País em risco financeiro (PS) fizeram-nos pagar as dívidas que criaram.

Foram os nossos ordenados que pagaram a "crise" do desvario entre 2008-2014...(PS-PSD).

Pediram-nos, exigiram-nos abnegação, resiliência, imploraram-nos coragem (PSD - 2011-2015), Passos Coelho (PSD) convidou os professores a sair, emigrarem, desistirem. Usaram o medo e a insegurança (PSD).

Congelados (PSD) suportámos o País. Foram 9 anos, 4 meses, 2 dias. Acossados, adormecidos, resignados e atolados em reuniões e formações além dos horários de trabalho, além da sanidade. Suportámos as dívidas que não foram nossas e cuidámos do futuro que a Educação gera.

Em 2015 a geringonça (PS, BE, PCP) trouxe-nos alguma esperança. Recuperámos apenas 2 anos, 9 meses e 18 dias no "Descongelamento" da carreira profissional, mas já tinham aumentado impostos, ADSE, IRS, bens essenciais, inflação. Sem atualizações remuneratórias (mais de uma década depois, milhares de professores ganham menos atualmente que antes da "crise" mesmo com reposição na carreira), com garrotes no 4 e 6 escalão, sem apoios à deslocação, sem renovação de quadros, sem investimento na formação de novos professores, sem soluções para uma reforma digna, sem alento, sem reconhecimento, sem justiça.

Somos licenciados, mestrados, doutorados, somos sobreviventes num País continuamente delapidado por políticas de baixa fasquia cultural, impulsionadora de desigualdades sociais e rica em desvarios financeiros onde se safa quem está ao lado do poder, tornando frágil a integridade, quando o verdadeiro poder é ser-se integro e inteiro.

Um destes dias passamos à história e a nossa, em relação à Educação, está a escrever-se com letra muito pequena.

Esta é a hora, já tardia, de se investir na Educação a sério, garantindo o acesso à educação de qualidade para todos, que a democracia permitiu, pela qual tantos valentes se entregaram e tanta coragem exigiu.

Os professores, funcionários, alunos, Direções, pais e mães, estão a fazer a História que nos orgulhamos de fazer parte.

Juntando todas as pessoas, todas as cores, todos os sindicatos, todas as tendências, toda a esperança é de uma grande lição que se trata esta Grande Revolta da Educação. Respeito!