Mais de 2 milhões a voar

Autarca. Coordenadora Concelhia do Bloco de Esquerda de Torres Novas.

O PEDU foi apresentado como a grande oportunidade para a revitalização do Centro Histórico, 7,3 milhões de fundos europeus garantidos, julgava-se que o mais difícil estava ultrapassado, o dinheiro. Mas no caso de Torres Novas o mais difícil não é o dinheiro é a incompetência, a ausência de planeamento e o foguetório adiantado.

Com o orçamento municipal aprovado o que podem esperar os torrejanos neste ano que agora se inicia?

Desde logo há uma previsibilidade de aumento generalizado das receitas provenientes das taxas e impostos, o que vem confirmar a justeza da proposta do BE de baixar o IMI para os 0,35 e que foi chumbada pela maioria absoluta do PS. Num ano marcado pela alta da inflação, pela baixa dos salários e pensões a redução do IMI era a proposta certa para atenuar as dificuldades da vida, o PS não quis.

A gratuitidade do TUT, proposta aprovada por unanimidade na Assembleia Municipal e que poderia marcar o inicio de uma nova etapa na mobilidade local contribuindo para a retirada progressiva dos automóveis das ruas e estradas do concelho descarbonizando as deslocalizações no território, ficou pelo caminho. A iniciativa não foi do PS logo não é para aplicar.

Quando toda a gente esperava a curto prazo as obras de acesso ao Castelo, escadaria e plataforma com elevador, com projetos aprovados, com dinheiro garantido, eis que desaparecem do orçamento sem qualquer explicação.

O mesmo para o projeto de valorização do terreiro da antiga igreja de S. Maria, a rua General António César de Vasconcelos com a reconversão dos “gabinetes técnicos” da Câmara e o largo de Salvador - tudo apresentado com pompa e circunstância e muitos milhões, agora reduzido a cinzas neste orçamento.

O PEDU foi apresentado como a grande oportunidade para a revitalização do Centro Histórico, 7,3 milhões de fundos europeus garantidos, julgava-se que o mais difícil estava ultrapassado, o dinheiro. Mas no caso de Torres Novas o mais difícil não é o dinheiro é a incompetência, a ausência de planeamento e o foguetório adiantado.

Mais de 2 milhões voaram, agora talvez o programa 20/30 traga mais dinheiro, até porque ninguém sabe muito bem como aplicar tantos fundos.

A habitação pública continua sem qualquer preocupação por parte de quem dirige o município, com a rubrica praticamente a zero e o centro histórico da cidade – edificado e espaço público, trânsito e estacionamento - são problemas que não existem para este executivo socialista.

A Casa do Povo de Riachos continua a marcar passo, havemos de lá chegar…

A construção de novas oficinas e armazém da Câmara faz marcha atrás, já tinham verbas destinadas nos anos anteriores agora desaparecem simplesmente, as condições de trabalho, higiene e salubridade dos trabalhadores da Câmara não é preocupação do executivo socialista.

De novo, assinalar a intenção de construir a sede do ACES (atualmente nos Riachos e com muito terreno para lá construir de novo) no espaço da antiga “galinha gorda”, em pleno centro histórico, para agravar ainda mais a mobilidade naquela zona.

Também novidade é a construção de um novo tanque para banhos no verão mesmo ao lado das atuais piscinas em pleno leito de cheia, mas isso não é problema porque já prometeram emparedar o rio, somam-se os constrangimentos de acessos que são conhecidos, mas também já com solução, alarga-se a ponte e assim podemos encher o chamado jardim das Rosas de automóveis, que sempre embelezam a paisagem.

E assim vamos adiando o presente porque o futuro nem vale a pena falar disso.

Bom ano para todos e todas

Crónica publicada no Jornal Torrejano