O COVID 19 não dá para tudo

Autarca. Coordenadora Concelhia do Bloco de Esquerda de Torres Novas.

Ainda o COVID 19 não tinha mostrado a sua ferocidade e já muitos trabalhadores eram vitimas dos patrões

Assinalamos este ano o 1º de maio de forma bem diversa do que é habitual, em confinamento, ou seja, precisamente o contrário do que devia ser e a que nos habituámos ao longo dos anos, comemorações na rua.

A crise sanitária é grande e pode atingir todos e todas, as medidas de prevenção indicadas pela Direção Geral da Saúde devem ser para levar a sério. Esta é a primeira responsabilidade que devemos ter.

Estamos já no início de uma grave crise social e económica cuja dimensão ainda não conhecemos. É esta crise, que atinge os trabalhadores/as de forma particular, que deve estar no centro do 1.º de Maio deste ano.

Ainda o COVID 19 não tinha mostrado a sua ferocidade e já muitos trabalhadores eram vitimas dos patrões, incluindo grandes empresas. Foi o imediato despedimento dos precários/as, seguindo-se outros despedimentos, foi o encerramento de empresas de um momento para o outro sem aviso prévio, foi o recurso ao lay-off, quando dias antes era só bons resultados económicos, lucros, … Os liberais que detestam o Estado porque lhes “rouba o negócio” passaram de um dia para o outro a exigir do Estado tudo e mais alguma coisa, todos os apoios e mais alguns.

Os trabalhadores e as trabalhadoras não podem mais uma vez pagar outra crise. A riqueza existente, toda a riqueza, todos os PIBs, todo o património, material ou imaterial é o fruto do seu trabalho, do seu esforço, da sua dedicação, estes sim têm todo o direito a reivindicar os apoios de que necessitam, todos os rendimentos que deixaram de receber.

Bem sabemos que existem muitas empresas de dimensão reduzida que também são vitimas desta crise e vitimas do capitalismo e devem merecer a atenção do Estado.

Os trabalhadores não podem aceitar nenhum tipo de austeridade, nenhuma forma de reduzir os seus salários ou pensões, até porque isso é condição para manter a economia a funcionar, sem capacidade para consumir por parte dos milhões de trabalhadores a economia vai mesmo por água abaixo como se viu na recente crise, a grande massa de trabalhadores criam toda a riqueza e ainda são indispensáveis para que a economia funcione.

O 1º de maio de 2020 deve ser mesmo para levantar as bandeiras contra a austeridade e pelos salários dignos.

Viva o 1º de maio.

António Gomes