Porquê tanto ódio?

(...) que se cultive uma política de investimento na Educação, na Saúde, na Habitação; enfim, nas pessoas! Elas agradecem, já as armas, não.

Porquê tanto ódio?

Por Pedro Gouveia

 

Acredito que a maioria das pessoas que estão a ler este artigo deverá concordar comigo: já estou cansado de tanto ódio. Desde que se iniciou a invasão russa na Ucrânia que praticamente todos os dias ouvimos falar dessa e de outra guerra qualquer pelo mundo fora. Mas isto é igualmente política meus amigos e amigas… Assim se alimenta o que eu chamo de “A Política do Ódio”.

Diariamente entram pelas casas de todos nós notícias da guerra que acontece no Médio Oriente: repórteres corajosos que descrevem os bombardeamentos, a destruição, as mortes indiscriminadas de civis. Isto não é uma guerra, é uma chacina. Cada vez se levantam mais vozes exigindo o cessar-fogo imediato, a começar por António Guterres; agora também ele ameaçado por Israel.

Esta guerra já escalou de tal forma, que se alargou ao Irão e ao Líbano. Ainda há dias o Irão lançou mais de 180 bombas para Israel, tendo esta evitado um mal maior devido ao seu imponente sistema defensivo, e continuando a atacar Beirute. Devido à complexidade das relações históricas entre Israel e os restantes países do Médio Oriente, há a probabilidade de a coisa não parar por aqui. Só o cessar-fogo permitirá que a guerra pare de escalar ainda mais.

Mais a norte, na Europa, Putin também não desarma. Ora vai ganhando território, ora recuando, mas enquanto houver “carne para canhão”, haverá guerra. Enquanto a diplomacia não se impuser, para que a Rússia reconheça (de novo) a Ucrânia como um Estado soberano, isto não vai parar. E o estarmos a alimentar estas guerras, seja com armamento diretamente, seja a nível económico-financeiro, pouco ajuda a atingirmos a Paz.

Falando agora do nosso país, temos um outro ódio que vem surgindo, catapultado pelo Chega: o ódio étnico-racial. Neste passado domingo assistimos a uma triste manifestação de protesto contra a imigração. Ainda hoje me dá tristeza assistir a discursos de ódio num país que tanta gente tem “exportado” para fora: seja nos anos 60, 80, ou mesmo agora. Ainda para mais quando a contribuição imigrante para a Segurança Social aumentou 40%. Certamente que quem gere as finanças deste órgão estatal, não deverá concordar com André Ventura.

Outra consequência grave destas políticas de ódio; muito para além do desastre humanitário, é o desastre ambiental. Numa altura em que tanto se fala de alterações climáticas, não há ninguém que pense que estas guerras só agravam ainda mais a situação? É quase anedótico pensar que, tendo apenas um planeta e que o mesmo está “doente”, andamos “às bulhas” por causa de bocadinhos de terra, quando a Grande Terra está a afundar-se aos nossos olhos. Cultivemos a Paz, a amizade e a compreensão. Para tal, que se cultive uma política de investimento na Educação, na Saúde, na Habitação; enfim, nas pessoas! Elas agradecem, já as armas, não.