A actual situação de pandemia veio alterar em muitos aspectos o nosso modo de vida, na escola, no trabalho, na ocupação do tempo, no relacionamento social, nas compras, etc.
Vamos esperar que o combate ao corona vírus tenha sucesso e que voltemos a uma certa normalidade.
Uma coisa é certa: se continuarmos a desprezar e a ofender a natureza, a retirarmos tudo e a não repor nada, a coisa vai correr mal; se continuarmos num modo de agricultura intensivo e com base em muitos pesticidas e fertilizantes químicos, a natureza não nos vai perdoar.
Neste período de confinamento, o mercado municipal de Torres Novas continuou a funcionar de forma mais restrita mas segura, com tudo o que é necessário às famílias no dia a dia. As mercearias e padarias, já poucas, é certo, lá estiveram para dar o seu contributo e garantir que nada faltava para a nossa alimentação.
Devo dizer que isto aconteceu, também, graças a muitos pequenos agricultores, pois nunca o abastecimento faltou.
Hoje, os horários de trabalho empurram-nos para outros locais de abastecimento que não os mercados e ou as pequenas mercearias. É um facto, mas mesmo assim atrevo-me a dizer que existem hábitos que podemos alterar: os horários do mercado, que podem mudar, por exemplo, para o final do dia, e também uma nova atitude de resistência ao consumismo ajudaria bastante.
Também é tempo de olharmos para a confecção das refeições nas escolas e para os seus ingredientes, que ganhariam em qualidade se a sua origem for os produtores locais. Se for preciso alterar a contratualização, que se altere.
No mercado, existe de tudo e com a qualidade que todos e todas pretendemos: existe fruta, legumes, flores, existe pão e bolos caseiros, lá estão o peixe, os queijos e as carnes fumadas, os enchidos, azeitonas e até as plantas para as pequenas hortas ou mesmo para colocar na varanda. No mercado municipal existe de tudo, até uma conversa de ocasião, os jornais nacionais e locais, um encontro simpático e até um café.
Desconfine com o pequeno comércio, vamos dar-lhe uma oportunidade.
Crónica de opinião publicada no "Jornal Torrejano"