Para o ano em curso (2024) foi decidido um aumento de 8,4% no preço a cobrar pela prestação dos serviços de abastecimento de água e saneamento, um aumento brutal tendo em conta que a inflação do ano 2023 foi de 4,3% e a inflação prevista para 2024 será de 2,6%. Nada justifica os valores aprovados.
Estamos à beira de mais uma decisão sobre esta matéria, não se sabe de nada, inclusive se a decisão já foi tomada. No final de 2023 nada justificava a decisão do aumento de 8,4%, mas a Administração da empresa “Águas do Ribatejo” e os executivos municipais assim decidiram. Deveriam agora refletir e, por uma questão de justiça, manterem o preço atual da água e saneamento para o ano de 2025.
A fiscalização pelas Assembleias Municipais destas decisões só pode ser feita à posterior, pois ninguém informa nem quando, nem como, nem qual o valor proposto nestas decisões. Diga-se em abono da verdade que, no caso em concreto, apenas o BE questionou o presidente da câmara, que também é membro do Conselho de Administração da Águas do Ribatejo.
Não menos importante é o uso que se dá à água potável. É preciso rigor e isso não acontece, hoje regam-se os jardins públicos e privados com água potável, que sai cara ao erário público e é um bem finito, com a agravante da diminuição verificada da pluviosidade, para não falar de que se licenciam piscinas privadas como se não houvesse amanhã.
A perda de água através das condutas de distribuição não pode continuar a acontecer, é água tratada que se perde e que todos pagamos. É evidente que as redes de distribuição de água estão, em muitos casos obsoletas e noutros a necessitar de urgente reparação e modernização. Trata-se de um objetivo nacional que deveria ser encarado como uma necessidade urgente de investimento público. O combate às perdas de água é fundamental para uma política consequente de gestão da água no próximo futuro e faz mesmo muita falta.
É preciso estender a rede de saneamento, pois existem muitos locais e localidades ainda sem acesso a este serviço fundamental para diminuir a poluição dos solos.
António Gomes
Crónica de opinião de António Gomes publicada no "Jornal Torrejano"