25 de Abril de 1974
A Revolução do 25 de Abril de 1974 marca o triunfo do golpe militar que pôs fim à estrutura de opressão do Estado Novo, regime político autoritário que vigorou em Portugal durante 41 anos. Todos os anos esta é uma data para celebrar, por tudo aquilo que a Revolução proporcionou, por aquilo que ela significa e pelo exemplo da força na união que ela representa. Já dizia o velho ditado: “A união faz a força.” e o 25 de Abril é, claramente, uma das maiores expressões dessa realidade. O sucesso da Revolução baseou-se na conjugação de forças empenhadas para alcançar um mesmo objetivo, na união de um povo orientado para uma mesma direção, potenciado pelo seu descontentamento e consciência da desumanidade do contexto em que se vivia. Para muitos, a Revolução dos Cravos é uma história contada nos livros, é um conjunto de testemunhos de familiares e de amigos de familiares. O quadro pintado é aterrorizante: o medo, a sensação de perigo iminente, a fome, a miséria, a desigualdade, a perseguição, os acontecimentos angustiantes provocados pela Guerra Colonial, entre outros. Em maior ou menor escala, de perto ou de longe, todo o português sentiu o impacto da ditadura salazarista, tanto aquele que foi para a guerra, como a sua companheira que ficou em casa a desejar que este sobrevivesse, tanto o agricultor como o cantor, tanto o carpinteiro como o bombeiro. De norte a sul, havia quem calasse, havia quem falasse e acabasse preso. Mais que celebrar o 25 de Abril, por ser um marco importante da História de Portugal, é preciso tê-lo presente, é preciso lembrá-lo, deixar que ele faça parte do nosso dia-a-dia, usufruir dele. Há que reconhecer que foi a rotura proporcionada pela Revolução que agora possibilita o avistar da luz ao fundo do túnel, que nos permite construir uma sociedade mais justa, igualitária, humana e feliz, que nos abriu uma porta para que possamos abrir outras tantas portas. É fundamental ter consciência de que o que ficou para trás da Revolução do 25 de Abril se sente ainda nos dias que correm, que os anos de opressão e censura deixaram marcas fortes. É preciso que nos questionemos: “Para onde foram 41 anos de ditadura? Desapareceram? Evaporaram-se? Apagaram-se?” e que tenhamos a coragem de reconhecer que eles ainda andam por cá, ainda que desvanecidos e transformados. É no interior daqueles que viveram anos e anos de ditadura que residem as mágoas e as angústias desse tempo. Ainda que os acontecimentos sejam rápidos, quase instantâneos, que a mudança se opere com alguma velocidade, a mentalidade e os olhos com que o Homem vê o mundo, naturalmente influenciado pelas suas vivências, precisam de tempo para mudar. Muito foi feito, muito é feito e muito tem ainda que ser feito, a todos os níveis, para alimentar e fazer crescer a liberdade e tudo o que esta significa. O legado da revolução dos cravos é eterno. O 25 de Abril foi a porta que se abriu, foi a semente que se plantou e que precisa agora de solo para germinar. Citando o grande José Carlos Pereira Ary Dos Santos: “Agora que já floriu a esperança na nossa terra, as portas que abril abriu, nunca mais ninguém as cerra.” e o igualmente grandioso Manuel Alegre de Melo Duarte: “De mãos é cada flor, cada cidade. Ninguém pode vencer estas espadas: nas tuas mãos começa a liberdade.”