A nascente do Almonda

Concelhia do BE /Torres Novas e autarca na Assembleia de Freguesia da União de Freguesias de S. Pedro, Lapas e Ribeira

(...) não justifica que se impeça o acesso das pessoas a um recurso natural que é de toda gente

Sei que, de certo, já ouviram algo sobre este assunto mas como palavras leva-as o vento ou melhor águas passadas não movem moinhos, falar do nosso Almonda nunca é demais. Eu já sou da geração que aprendeu a nadar nas nossas piscinas mas também fui a banhos na Ribeira e ainda vi lavar roupa no rio que agora nos querem roubar ou melhor já o fazem há muito, desde que começaram a controlar a nascente e a aproveitar as águas para produzir papel. Sabemos que uma indústria com sucesso implica custos, e que os moinhos que desapareceram da paisagem já não funcionariam hoje mas isso não justifica que se impeça o acesso das pessoas a um recurso natural que é de toda gente. Temos assim um local de grande beleza neste concelho, que esconde a maior e mais importante rede de grutas do país e uma empresa que decide o destino do lugar a seu belo prazer! E o que faz a autarquia? Não questiona, não faz prevalecer o interesse comum e ainda aceita acordos e contrapartidas que é o mesmo que dizer, dá a mão aos interesses envolvidos mesmo ignorando as leis que salvaguardam o livre acesso aos recursos hídricos e as vozes indignadas da população! O poder local no seu pior! Baixar os braços não é solução, o grupo parlamentar do Bloco de Esquerda perguntou ao governo se tem conhecimento dos projetos da Renova para a nascente e em que condições procede à sua interdição. Aguarda-se uma resposta do ministro de Estado, da Economia e Transição Digital e o bom senso da Renova, uma empresa importante sim mas que naquela zona é já mais arqueologia industrial que laboração e que acima de tudo não é dona da nascente.

Quinzenalmente, à 2.ª feira na Torres Novas FM