Poder? Podia!

Professora, pintora, autarca do BE na Câmara Municipal de Torres Novas

Ultrapassando a ideia de “agenda de espetáculos”, sugere-se a criação de outros palcos dinâmicos utilizando as “ferramentas” de coesão e disseminação cultural existentes no concelho

35 anos de Torres Novas como cidade e o 8 de julho, deste inusitado ano de 2020, encontra-nos numa realidade às avessas, não se estranhando a necessidade de  assinalar a data cumprindo-se medidas de segurança e condicionamento.

É nestas circunstâncias que o município sugere a realização de espetáculos de acesso limitado no castelo, num reportório selecionado entre artistas do concelho.

Antecipando este cenário e, ainda em pleno mês de abril, o BE recolhe opiniões e apresenta, em reunião camarária de 15 de maio, uma proposta para a criação de um Festival da Terra e do Almonda:

Ultrapassando a ideia de “agenda de espetáculos”, sugere-se a criação de outros palcos dinâmicos utilizando as “ferramentas” de coesão e disseminação cultural existentes no concelho, desde a rádio, às colunas de rua, às redes sociais e aos jornais impressos, quebrando o isolamento com concertos, conversas, entrevistas e debates, levando a cultura às casas da população.

De transmissão essencialmente virtual, a proposta ambicionava a oportunidade de ocupar a rua, habitar pracetas, invadir espaços urbanos, folhas de jornais, numa relação de co-criação com a comunidade, contrariando emoções de limitação e isolamento social que a realidade impôs. Fundamentalmente, dar-se-ia lugar ao apoio aos artistas, divulgação e dinamização das estruturas locais de cultura, potenciando formas de co-colaboração da população, acrescentando que o formato de festival possibilitava a criação de várias “montras” culturais e/ou vários palcos (…) como forma de semear as artes e os hábitos de consumo, fruição e vivência cultural.

Sem outro diálogo, no dia 03/07 é divulgado o programa das Festas do Almonda no Castelo. Com sentido de oportunidade, a proposta do BE é finalmente levada a discussão no dia 07/07 sendo chumbada por já “não ter enquadramento”.

A ideia de uma solução para adoptar em qualquer circunstância e o nome Festival da Terra e do Almonda justificava a dimensão urgente da defesa do planeta, a compreensão de uma terra comum próxima e alargada, associada às nossas Festas do Almonda que nos fazem partilhar o sentido comunitário.

Mas não.

Crónica de Opinião publicada no jornal "O Almonda"