Alguma seriedade

Autarca. Coordenadora Concelhia do Bloco de Esquerda de Torres Novas.

Se o debate da campanha prosseguir neste tom, dos mega-projetos e dos mega-milhões, perdemos mais uma oportunidade

A campanha eleitoral das próximas autárquicas teve o seu inicio, como é normal. As candidatas e candidatos vão-se conhecendo, vão-se anunciando, algumas ideias também vão aparecendo, para o concelho e para as freguesias, é o processo democrático de disputa eleitoral para que os eleitores possam decidir livremente, pois o voto não pertence a nenhum partido, coligação e nem a nenhum candidato.

É preciso trabalhar, apresentar ideias, programa e equipas para merecer o voto das pessoas.

Este início de campanha está a ser marcado por uma tentativa de desviar a atenção da opinião pública sobre o que devia ter sido feito há muito e não foi, do que é de facto importante e necessário, o que faz falta e é exequível. Não é nova esta táctica…

A apresentação de mega-projetos que custam mega-milhões, por parte do candidato do PS e do candidato que já foi do PS, é um logro para enganar os distraídos e uma fuga ao debate sério da campanha.

Pode-se prometer avenidas, estradas, empresas, habitação, saúde, pavilhões, respostas sociais, mega-milhões, pode-se prometer isso tudo e mais um par de botas, mas todos e todas sabemos que são mesmo só promessas.

Em quase 30 anos, o que foi feito no centro histórico foi permitir a sua destruição, em quase 30 anos o PS não foi capaz de resolver o problema da rede viária concelhia, em quase 30 anos esqueceram-se por completo do rio Almonda, em quase 30 anos foi o abandono por completo da actividade económica de proximidade, em 20 anos não se infraestruturou a zona industrial de Riachos, para não falar da situação do departamento de Urbanismo, que para além de não planear, tornou-se num calvário para os munícipes: está paralisado.

Se o debate da campanha prosseguir neste tom, dos mega-projetos e dos mega-milhões, perdemos mais uma oportunidade para conhecer a capacidade de cada equipa, perdemos o debate sério sobre os caminhos a seguir e perdemos sobretudo o interesse de uma parte importante do eleitorado que já está farto de tanta promessa.

É preciso alguma seriedade nestes meses até às eleições e também alguma serenidade.